Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


A quatro meses de completar dez anos no mercado brasileiro, em fevereiro do ano que vem, o Ford Ecosport ganhou um presentão antecipado: uma geração inteiramente nova. Depois de dois face-lifts, o primeiro utilitário esportivo leve fabricado no Brasil ganhou outra cara, outro perfil, outra traseira, outro interior e outra plataforma, que agora é a mesma do New Fiesta, de quem o novo Eco segue o estilo. Só o estepe pendurado na tampa traseira ainda é o mesmo.


Titanium

O desenho do novo Ecosport ficou mais futurista, com jeitão de carro-conceito, já com a nova identidade visual que será usada em breve no Fiesta. Nele se destacam a enorme grade hexagonal no para-choque- dividida em três por molduras cromadas - e os faróis bem estreitos e horizontais (com modernas luzes diurnas de LED), no capô, unidos por uma falsa grade fina e o emblema Ford no centro. A linha das janelas laterais é alta e ascendente. O para-brisa ficou bem maior e inclinado, garantindo melhor visibilidade. O vidro traseiro envolvente, marca registrada do utilitário, agora é menor e mais pontudo na lateral. Na traseira propriamente dita, o final do teto faz papel de aerofólio e cobertura da tampa do porta-malas, que continua abrindo para o lado. A maçaneta desta, antes bem aparente, agora é embutida na lanterna direita. Por falar nelas, as luzes passam a ser horizontais e pontiagudas, mas ficaram ofuscadas pelo estepe.

O pneu sobressalente à mostra pode ser cafona e fora de moda nos países mais desenvolvidos, mas onde ele ficaria? Embaixo da carroceria os consumidores reclamariam porque sujaria e facilitaria seu furto do mesmo jeito, no capô não cabe, no fundo do porta-malas obrigaria a tirar toda a bagagem e dentro do bagageiro anularia o ganho de 42 litros que a nova geração teve: agora com 362 litros. É melhor ficar na tampa mesmo, mas poderia vir com uma cobertura rígida de fábrica, né? O comprimento de 4,24m é o mesmo do anterior, mas a largura (1,72 para 1,77m) e a altura (1,62 para 1,69m) aumentaram. 

Freestyle

O interior também evoluiu com a carroceria, tanto em design quanto em acabamento, que ainda não é o ideal por causa dos plásticos duros, mas é um grande avanço se comparado com a simplicidade rústica do modelo antigo.

O desenho do painel também segue o estilo dos New Fiesta, com estrutura em dois andares e bicolor, máscara central com botões verticais, detalhes cromados, saídas de ar em forma de asa, display no meio e quadro de instrumentos separados por túneis. Pena que o espaço interno não melhorou como deveria, mesmo com distância entre-eixos maior (2,49m para 2,52m). Assim, ele continua mais apertado que o grande rival Renault Duster. Em compensação, há cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça para  todos os passageiros do banco de trás, cuja inclinação do encosto pode ser regulado em três níveis. 


O novo Ecosport também ficou mais tecnológico, ganhando (dependendo da versão, que detalharei mais à frente) equipamentos como o sistema multimídia SYNC, sensor de estacionamento, controles de estabilidade (ESP) e tração, airbags laterais e de cortina, ar condicionado digital e assistente de partida em rampa.

A nova geração do SUV compacto continua com opções de motorização 1.6 e 2.0. O de maior cilindrada é o mesmo Duratec 16 válvulas da geração anterior, que rende 141 cavalos com gasolina e 147 cv com etanol. Segundo a revista Quatro Rodas, acelera de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos e recupera a velocidade em 21,8 segundos. O consumo urbano é de 6,7 km/l e o rodoviário 8,8 km/l.

S ou SR

Já o 1.6 trocou o velho Rocam de oito válvulas pelo moderno Sigma de dezesseis, usado no Focus e no irmão New Fiesta. Tem 110 e 115 cavalos. Sua aceleração de 11,9 segundos não piorou muito em relação ao 2.0, mas surpreende pela retomada mais rápida (20,6 seg.). O consumo é bem melhor: 8,6 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada. A Quatro Rodas testou os carros com álcool no tanque.

Na frenagem e no nível de ruído o Ecosport 1.6 também é melhor que o 2.0 a 80 km/h: para em 27,4 metros contra 30 e emite 60,3 contra 60,9 decibéis.

Apresentado aos poucos (primeiro o mock up no início do ano, depois as fotos do interior, depois eventos privados e finalmente a divulgação completa das versões e disponibilização do modelo para testes em agosto), somente agora o novo Ecosport já está nas concessionárias em cinco versões.

S ou SE

A mais barata é a S, que tem motor 1.6 e custa R$ 53.490. Bem completa, traz de série direção elétrica, ar-condicionado, vidros dianteiros, travas e espelhos elétricos, freios com sistema ABS (antitravamento), airbag para motorista e passageiro, sistema multimídia Sync e conexão por Bluetooth. A SE, ainda 1.6, adiciona faróis de neblina, vidros elétricos na traseira e rack de teto. Seu preço aumenta para R$ 56.490. Estas duas versões são identificadas pelas rodas de aço (com desenho esportivo para não ficarem com aspecto barato). 

Por R$ 59.900, a versão Freestyle, que se diferencia pelas rodas escurecidas, adiciona computador de bordo, sensor de estacionamento traseiro, fechamento por controle remoto, assistente de partida em rampa, ESP (programa eletrônico de estabilidade) e rodas de liga leve aro 16. São opcionais bancos de couro e airbags laterais e de cortina, que custam R$ 3.700. Com motor 2.0, custa R$ 62.400.

Freestyle

Por fim, a versão topo de linha é a Titanium, que inclui ar-condicionado digital, grade dianteira cromada, partida a botão e sensores de farol e chuva. Tem somente a opção de motor 2.0 e, como as demais, câmbio manual de cinco marchas. Custa R$ 70.190. O EcoSport 4x4 e a versão com câmbio automatizado de seis velocidades e dupla embreagem serão lançados no Salão do Automóvel de São Paulo, que começa esta semana. 

Não quero ter síndrome de vira-lata, mas acredito que o Ecosport só ficou com essas linhas chamativas e interior caprichado porque foi projetado, em conjunto com os diversos centros de estilo da Ford no mundo, para ser um veículo global. Será fabricado também, além de Camaçari (Bahia), na Índia (que apresentou o modelo ao mundo no Salão de Nova Déli, no início do ano), China (que terá uma versão de entre-eixos maior e sete lugares) e Tailândia para ser vendido em mais de 100 países, inclusive na Europa, onde foi apresentado até no Salão de Paris, para venda daqui a 18 meses. 

Em 2002, a Ford brasileira, sozinha, transformou - usando a nossa preferência por jipes - a feiosa minivan europeia Fusion (não confundir com o sedã de luxo norte-americano vendido em nosso mercado), derivada do hoje aqui chamado Fiesta Rocam, no utilitário esportivo mais vendido do Brasil na última década. E agora, por ironia do destino, os europeus poderão comprar a evolução da adaptação do seu velho utilitário.

Ford Fusion europeu



Pontos Fortes

+ Estilo
+ Evolução do acabamento
+ Motores
+ Equipamentos de série

Pontos Fracos

- Espaço interno
- Porta-malas
- Consumo
- Ruído
FICHA TÉCNICA - FORD ECOSPORT

Motores: Quatro cilindros, transversal, flex, 1.596 cm³, 16 válvulas (1.6)
Quatro cilindros, transversal, flex, 1.999 cm³, 16 válvulas (2.0)
Potência: 110 cv (gasolina) e 115 cv (álcool) - 1.6 / 141 e 147 cv (2.0)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,9 segundos (1.6) / 10,6 seg. (2.0) (Quatro Rodas, com álcool)
Velocidade máxima: 180 km/h (todos, fabricante)
Consumo: 8,6 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada (1.6) / 6,7 km/l e 8,8 km/l (2.0) 
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,24/1,77/1,69/2,52 m
Porta-malas: 362 litros
Tanque: 52 litros
Preços: R$ 53.490 (S 1.6) / R$ 56.490 (SE 1.6) / R$ 59.900 (Freestyle 1.6) / R$ 62.400 (Freestyle 2.0) / R$ 70.190 (Titanium 2.0)