O desenho arredondado da carroceria foi inspirado, ao mesmo tempo, nos esportivos europeus e na tal embarcação corveta. O estilo americano tinha que estar presente nos cromados da grade, do para-choque  apenas nos cantos da frente e até os faróis ovais verticais com tela, além da traseira rabo-de-peixe, onde ficavam as pequenas lanternas.

Mesmo esportivo, o Corvette precisava ser barato. E os custos de produção também. Disponibilizada apenas na cor branca e com estofamento vermelho, a carroceria roadster, aberta, com para-brisa envolvente e de apenas dois lugares,  parecida mesmo com um barco, foi construída em plástico com fibra de vidro. O motor, montado na dianteira, como seria em toda a sua vida, tinha seis cilindros em linha, com 3.85 litros (ou 235 polegadas, como os americanos chamam) e rendia 150 cavalos. A caixa automática chamada Powerglide, instalada no assoalho, trocava apenas duas marchas. A tração era traseira.


A economia no motor acabou decepcionando os americanos, que queriam um V8 e não um seis cilindros em linha. O Corvette demorava 11 segundos para acelerar de 0 a 96 km/h (0 a 60 milhas por hora para eles) em 11 segundos e só alcançava os 175 km/h. Mesmo com a contenção de custos, o primeiro grande esportivo genuinamente norte-americano custava, de partida, 3.500 dólares. Tão caro quanto um Cadillac. A produção na fábrica de Flint, Michigan, começou no último dia de junho de 1953, como modelo 1954, com apenas 300 unidades.


A decepção fez a GM se mexer e realizar pequenas mudanças, como a adição de novas cores da carroceria (entre elas o vermelho e o preto), a tampa traseira passando a moldar os bancos, o aumento da potência para 155 cavalos e a redução do preço para US$ 2.780. A produção foi transferida para Saint Louis. Mesmo assim, das 3.265 unidades produzidas do Corvette, 1.076 ficaram encalhados.

O engenheiro-chefe russo criado na Bélgica, Arkus-Duntov foi chamado de volta ao projeto e, finalmente em 1955, deu o tão desejado motor de oito cilindros em V ao Corvette. Tinha 4.3 litros (ou 265 polegadas) e rendia 195 cavalos de potência. O tempo de 0 a 96 km/h caiu para 8,5 segundos e o Corvette enfim passou dos 200 km/h. Nem assim, ele emplacou. Fechou 1955 com vendas ainda piores: de apenas 700 unidades.

O Corvette só não parou de ser fabricado porque a Ford já tinha lançado o Thunderbird, para concorrer com o próprio Chevrolet. E a GM não queria ficar atrás. Então, na linha 56, efetuou mudanças mais profundas no desenho do seu primeiro genuíno esportivo americano do pós-guerra.


A grade ficou mais agressiva, embora continuasse a não ser invadida pelo para-choque. Já os faróis passaram a ser inteiramente redondos (livres da capela oval gradeada, que dificultava a limpeza), a lateral ganhou linha de cintura angulosa e vinco em pintura contrastante, a traseira perdeu o rabo de peixe e as lanternas ficaram compridas, ainda sobre um ressalto. O Corvette 1956 também ganhou capota de plástico e vidros laterais que sobem e descem.

Melhor que a mudança do visual foi o motor V8 de 195 cv, que passou a ser de série e ganhou uma outra versão preparada, ainda mais potente com 225 cv, graças aos quatro carburadores de corpo duplo. O Corvette já chegava aos 240 km/h.

Outro novo incremento na potência aconteceu em 1957, com 283 cavalos num bloco 4.6 (283 pol) do V8 e inclusão da injeção mecânica de combustível. O câmbio manual passava a ter quatro marchas sincronizadas. Uma versão "mansa" do motor 4.6, com 220 cv passou a ser de série.


Com as últimas mudanças antes de mais um face-lift, o Corvette enfim emplacava no mercado e começava a conquistar os americanos: foram vendidas 6.369 unidades ao fim de 1957.


Para a linha 58, a frente do Corvette passava a ter faróis duplos (um par de refletores baixos e outro altos), nome do carro espaçado entre eles, grade mais alta e estreita e outras duas auxiliares nas extremidades. O para-choque continuou dividido, mas agora invadia as grades auxiliares e um pouco da principal. A traseira perdia definitivamente o rabo de peixe e ficava mais baixa. O interior também foi reformulado, com um novo painel, cheio de curvas, criando o conceito duplo cockpit, usado hoje na Chevrolet.


O motor 4.6 passava a ter potência variando entre 245 e 295 cavalos, esta última proporcionada pela injeção Rochester. Novas alterações faziam com que ele atingisse 315 cv. No último ano da primeira geração, em 1962, o Corvette ganhou um bloco de 5.35 litros (327 polegadas) de 360 cavalos. 

Em 1960, o Corvette atingia a marca de 10 mil unidades vendidas e já era o desejado esportivo genuinamente norte-americano, uma vez que o rival Ford Thunderbird ia se transformando em sedã de luxo.


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO 
FONTE DE CONSULTA: BEST CARS