TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


A Chery foi a primeira marca chinesa a se popularizar no Brasil, com o compactíssimo QQ. Antes, vieram o utilitário esportivo compacto Tiggo, montado no Uruguai, e o médio Cielo (cujo nome foi escolhido aqui em concurso), nas versões hatch e sedã.

Seu último lançamento, o compacto S-18, marcado por ser o primeiro chinês com motor bicombustível, ainda não empolgou no mercado e já está  até ameaçado pela reestilização do QQ. Culpa do pedal de freio mal projetado, que entorta facilmente. A imagem ficou arranhada.

Agora atuando por conta própria e não mais representada pela Venko, a Chery tenta dar a volta por cima com um modelo que terá outro marco: a partir do ano que vem o Celer será o primeiro chinês a ser produzido em nosso país, mais precisamente na fábrica que está sendo erguida em Jacareí, interior do estado de São Paulo. Isso se a conterrânea e concorrente JAC não inaugurar a sua unidade em Camaçari antes, que também está prevista para 2014.


Por enquanto, o Celer (que iria se chamar Fulwin) vem importado direto da China, da planta de Wuhu, nas versões hatch e sedã, custando R$ 35.990 e R$ 39.990, respectivamente, e em pacote único de equipamentos como ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo, freios ABS com EBD, alarme antifurto, vidros, travas e retrovisores elétricos, rádio AM/FM com CD player MP3 e entrada USB, banco do motorista e volante com regulagem de altura, regulagem elétrica de altura dos faróis com sistema “siga-me” (que mantém os faróis ligados após o travamento ou destravamento das portas), abertura elétrica do porta-malas e rodas de liga-leve de 15 polegadas.


O maior atrativo do Celer, com certeza, é a sua lista de equipamentos. Se depender do seu estilo, que a marca garante que foi assinado pelo estúdio italiano de design Torino, ele vai ter dificuldades de conquistar compradores. Tem linhas retas demais, que parecem datadas, para ser mais elogioso, do início da década passada. O sedã é ainda mais feio, pois o terceiro volume é completamente destoante do resto da carroceria.


 O intrigante é que o Celer já foi reestilizado no exterior e o face-lift não deverá ser adotado imediatamente no Brasil quando o modelo for nacionalizado. As medidas são de 4,14m de comprimento, 1,69m de largura e 1,49m de altura para o hatch. No sedã só aumenta o comprimento, que é de 4,27m.

O interior, apesar da boa montagem, tem muito plástico. O painel lembra demais o Palio de 2004, tanto nas formas do console quanto no minúsculo quadro de instrumentos. O espaço interno atrás é aceitável para as pernas e cabeça de passageiros de estatura média. O Celer tem 2,52m de distância entre-eixos. A capacidade do porta-malas é de 450 litros para o sedã e 380 litros para o hatch. 



Também não foi divulgada a potência do motor flex ACTECO 1.5 16v com os dois combustíveis. A Chery se limitou a anunciar apenas 108 cavalos. 


Os concorrentes das marcas tradicionais para o hatch, como o Chevrolet Agile LTZ 1.4 (R$ 42.330), Fiat Palio Attractive 1.4 (R$ 40.532), Renault Sandero 1.6 (R$ 40.680), Volkswagen Gol Highline 1.6 (R$ 44.690) e Hyundai HB20 1.6 Style (R$ 44.095), custam mais de 40 mil reais com todos os opcionais. As exceções são o Ford Fiesta Rocam 1.6 (R$ 39.454) e o Nissan March 1.6 SV (R$ 37.190), mas ainda são mais caros. 


Para o sedã os concorrentes são o Chevrolet Prisma LT 1.4 (R$ 42.390), Fiat Grand Siena Attractive 1.4 (R$ 43.475), Ford Fiesta Rocam Sedan (R$ 40.450), Hyundai HB20S (R$ 43.995),  Nissan Versa SV 1.6 (R$ 41.290) e o Volkswagen Voyage Highline 1.6 (R$ 47.190). O Renault Logan Expression 1.6 é o único mais barato: R$ 37.130. 

A maior ameaça ao custo-benefício do Celer, entretanto, vem de um conterrâneo: o JAC J3, que custa R$ 34.990 (o hatch) e R$ 36.990 (o sedã Turin), é tão equipado quanto o Chery e ainda tem um desenho mais moderno.