TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


Olhando rápido, parece que o novo Audi A3 não mudou nada em relação à segunda geração, principalmente a versão de duas portas, chamada Sport, a primeira a desembarcar no Brasil, por R$ 115 mil. Mas reparando bem, inclusive por dentro, é possível notar que o hatch médio da marca alemã das quatro argolas mudou sim e se tornou até uma ampliação do compacto A1.

A frente, aliás, é padronizada com toda a linha Audi. Os faróis ficaram mais recortados, lembrando uma asa, mas continua com luzes diurnas de LED, presentes já no face-lift da geração anterior. A grade (mais larga)  ainda se estende até o para-choque. A lateral, que se confunde com o modelo anterior, ganhou novos vincos e ficou levemente mais inclinada, tal como o A1, mas sem as colunas do teto de cor chamativa. Por fim, a traseira agora tem lanternas horizontais com desenho também alado (no duas portas de antes eram curtas e só nas quinas) e desnível na tampa do porta-malas, como em toda a marca.


No interior, o painel, que é muito semelhante ao do pequeno A1, mas também parecido com o A3 anterior, tem formas básicas e quinas arredondadas, com quadro de instrumentos tradicional pequeno (sem aquelas capelas exageradamente destacadas), saídas de ar circulares imitando turbina e tela multimídia retrátil ( maior e mais moderna que a do rival Mercedes Classe A). O volante voltou a ter miolo redondo (antes reproduzia as linhas da grade frontal). Apesar da simplicidade visual, o painel é todo revestido de material emborrachado e a montagem é perfeita.

A distância entre-eixos cresceu de 2,58 para 2,60m, mas o espaço no banco traseiro é apertado, principalmente se comparado aos rivais (também Classe A, BMW Série 1 e Volvo V40). O porta-malas agora tem 365 litros de capacidade. Maior do que esses três concorrentes.


A plataforma MQB é modular e compartilhada com a Volkswagen, que a usa na sétima geração do Golf. Por isso, a Audi estuda a voltar a fabricar o A3 no Brasil (já produziu a primeira geração em São José dos Pinhais, PR, entre 1999 e 2006), mas a decisão depende do retorno financeiro do novo modelo, pois na primeira chance a fabricante alemã teve prejuízos.

Além da única opção de carroceria, a terceira geração do A3 também chega inicialmente com apenas um tipo de motor: o 1.8 TFSI turbo de injeção direta, que rende 180 cavalos de potência. O câmbio é o automatizado S-Tronic de dupla embreagem e sete marchas. A direção é assistida eletricamente e a tração é dianteira.


O conjunto leva o Audi A3 Sport a até 232 km/h. A aceleração de 0 a 100 km/h é cumprida em 7,4 segundos e a retomada entre 80 e 120 km/h em 4,6 segundos. Comparado com os concorrentes, ele só é três décimos mais lento que o BMW 118i (com motor 1.6). Destaque para a superioridade do A3 sobre o novo Volvo V40 (8s4, 5s9 e 220 km/h), que tem motor 2.0, mas com a mesma potência do 1.8 do Audi.

O consumo de 10,3 km/litro na cidade e 17,2 km/l na estrada só não representa a maravilha do downsizing (cilindrada baixa para melhor desempenho e menor consumo de combustível) porque o motor é 1.8. As médias são bem superiores ao do Volvo e um pouco mais econômicas que o BMW 118i (de motor 1.6, que faz 10,7 e 15,4 km/l, respectivamente), porém inferiores que as do Mercedes A200 (também 1.6 turbo e com injeção direta, com 12 km/l e 19,2 km/l).

O A3 é mais seguro andando a 120 km/h do que a 80 km/h. Na velocidade mais alta (58,2 metros) o A3 Sport só perde para o BMW. Mas dosando o piso nos pedais do acelerador e do freio (26,1 m) ele fica atrás dos três adversários, que param entre 24 e 25 metros. Já o ruído de 64,2 decibéis a 120 km/h é similar aos dos rivais (exceto o Mercedes que é um pouco mais barulhento). Todos esses números dinâmicos, inclusive dos concorrentes, foram medidos pela revista Quatro Rodas. A exceção é a velocidade máxima, que foi divulgada pelo fabricante.


Este preço de R$ 115 mil pode parecer caro, por se tratar de uma carroceria de apenas duas portas e por ter potência próxima aos dos rivais com quatro. Mas o Audi acaba levando vantagem no custo-benefício. O BMW 118i, por exemplo, custa R$ 106.950 e tem 170 cavalos de potência no motor 1.6 e câmbio de oito marchas. Mas a versão completa, com ar condicionado digital e sistema multimídia, chega a R$ 149 mil. O Mercedes Classe A, com apenas 156 cv e transmissão de sete velocidades, sai por R$ 109.900 na versão mais cara, a Urban, que não tem ar condicionado digital e sequer navegador GPS e conexão com o Google.

 O Volvo V40 é o mais caro, vendido por R$ 115.950. O preço e a falta de equipamentos interessantes são semelhantes. Se a versão básica do Volvo não tem o inovador airbag externo para o pedestre, o Audi A3 cobra além desses 115 mil pelo moderno sistema multimídia MMI, com navegador, comando de voz em português brasileiro e reconhecimento de escrita manual com a ponta do dedo, que eleva o preço para 125 mil reais. Isso sem contar a pintura metálica, que custa mais R$ 1.800. Completo, o Audi A3 acaba saindo por R$ 126.800.

O elevado valor básico já inclui o Drive Select - sistema com cinco modos de condução (Conforto, Auto, Dinâmico, Eficiência e Individual) para ajustar motor, acelerador, câmbio e direção; Audio Music Interface com Bluetooth e tela de 7 pol; bolsas infláveis frontais, de joelhos (motorista) e cortinas laterais; faróis bixenônio; rodas de 17 pol com pneus 225/45; ar-condicionado automático de duas zonas; computador de bordo; teto solar panorâmico; freio de estacionamento elétrico e controle eletrônico de estabilidade.

O A3 Sportback, de quatro portas, só começa a ser vendido no mês que vem. Curiosamente, custará mais barato que o Sport. Para que o 'milagre' aconteça, será equipado com motor 1.4 TFSI de 122 cavalos. O inédito A3 Sedan deve vir somente no ano que vem. Se o A3 Sportback será mesmo fabricado no Brasil só o cenário econômico do país e a boa vontade da Audi dirão.


Pontos Fortes

+ Acabamento
+ Motor
+ Desempenho
+ Consumo 
+ Equipamentos de série


Pontos Fracos

- Estilo discreto
- Espaço interno 
- Frenagem em baixa velocidade
- Preço  


FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros, transversal, turbo, injeção direta de gasolina, 1.798 cm³, 16 válvulas
Potência: 180 cv
Câmbio: Automático sequencial de sete marchas  
Aceleração de 0 a 100 km/h: 7,4 segundos (Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 232 km/h (Audi)
Consumo: 10,3 km/l na cidade e 17,2 km/l na estrada (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,24/1,78/1,42/2,60 m
Porta-malas: 365 litros
Tanque: 50 litros
Preços: R$ 115.000 (básico) / R$ 126.800 (completo)