TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO

Depois que lançou o CLS em 2005, a Mercedes-Benz foi imitada por todas as suas concorrentes alemãs. A primeira foi a Volkswagen, com o Passat CC. Depois a Porsche, com o Panamera, a Audi com o A7 e o A5 Sportback e, finalmente, a BMW, com os Série 6 e 4 Gran Coupé.

Estava criado o segmento dos cupês de quatro portas, que são sedãs com teto de caída contínua. A própria Mercedes estendeu a sua invenção a um segmento mais "acessível" e lançou o CLA. Até a sul-coreana Hyundai bebeu na fonte e rebatizou o estilo com o termo escultura fluída.

Dez anos depois de criar um novo conceito de estilo para os sedãs, é a vez da Mercedes imitar o concorrente, no caso o BMW X6, que levou o formato cupê para os utilitários fora de estrada. O desenho estranho não impediu que a BMW lançasse o X4.

A resposta da Mercedes (tardia, por sinal, pois se passaram seis anos) atende pelo nome de GLE Coupé e foi apresentada oficialmente ao público no Salão de Detroit, nos Estados Unidos. O estilo é tão estranho quanto o do rival, mas os alemães da estrela de três pontas de Stuttgart acreditam que se os conterrâneos de Munique conseguiram o sucesso, eles também conseguem. E o X6 deve ter muito medo do seu primeiro real concorrente, que chega com mais tecnologia.


A frente do GLE Coupé tem a identidade visual da Mercedes: grade avançada em relação aos faróis amendoados e com a estrela de três pontas no meio. No entanto, o GLE tem detalhes mais agressivos que o Classe ML, modelo que serviu de base e que também vai adotar esta designação, pois a plataforma de ambos vem do sedã Classe E. A grade tem apenas um único filete e o para-choque tem entradas de ar mais agressivas e diferenciadas para cada versão. A lateral, o maior atrativo do modelo, é mais arredondada que no BMW X6 e as janelas também são maiores que as do rival. Já a traseira segue o padrão que vem sendo usado no Classe S Coupé e no AMG GT. De dimensões, o GLE ficou com 4,90m de comprimento por 2m de largura e 1,73m de altura. A distância entre-eixos é de 2,92m. O diâmetro das rodas varia entre 20 e 22 polegadas.


O interior não é ousado como a carroceria. Tem é muito conforto, acabamento de boa qualidade, tecnologia e detalhes como couro, alumínio, texturas e madeira, dependendo da versão. O estilo do painel é comportado. As saídas de ar centrais fugiram do padrão arredondado de turbina de avião e são retangulares verticais. Mas a tela multimídia insiste em ser destacada, como nos modelos das classes A e C. Uma das funções mostrada nas fotos é a que reproduz o quadro de instrumentos. Diferentemente do rival da BMW, que comporta apenas quatro passageiros, o GLE Coupé tem cinco lugares.


Entre os equipamentos estão previstos suspensão a ar AIRMATIC, sistema adaptativo de amortecimento, cinco modos de condução, conjunto ótico todo em LEDs, alertas de mudança de faixa e ponto cego, controles de tração, estabilidade e derrapagem, auxílio de frenagem em emergência, alerta de colisão, câmeras de monitoramento ao redor do carro, teto panorâmico de vidro, sistema de entretenimento Comand Online com tela de 8 polegadas e touchpad intuitivo, sistema de som Bang and Olufsen, entre outros.


Com exceção do 63 AMG, todas as versões iniciais do GLE Coupé terão motor de seis cilindros em V 3.0 litros, com turbo e injeção direta, tração integral (4Matic) e câmbio automático de 9 marchas (9G-Tronic). A única versão a diesel será chamada de 350d e terá 258 cavalos. Os dois V6 a gasolina serão chamados de GLE400 (333 cv) e GLE 450AMG (367 cv).

GLE 400

O autêntico AMG 63 (o 450 usa só o kit aerodinâmico) terá duas versões movidas por um V8 5.5, também com turbo e injeção direta: a normal, com 557 cavalos e a S, com 585 cv. A tração é integral como as demais, mas o câmbio automático tem apenas sete velocidades.  


O GLE 63AMG foi a versão apresentada no Salão de Detroit. As demais versões também estavam presentes, mas em menor destaque. Elas farão a estreia no mercado europeu no Salão de Genebra. Todas deverão chegar ao Brasil, mas as primeiras a desembarcarem no final deste ano serão a 400 e 450AMG. A 63 AMG só no ano que vem e a 350d ainda está sendo avaliada.

GLE 63AMG

A BMW criou o utilitário esportivo cupê, a Mercedes foi a primeira a imitar, mas a Audi não vai ficar de fora. Este ano deve ser apresentado o TTQ definitivo, que, no entanto vai concorrer com o X4. O Q1 deve criar um novo segmento. A Audi pretendia chamar esses modelos de Q4 e Q2, respectivamente, mas a Alfa Romeo, dona dos códigos (o Q vem de Quadrifoglio), não deixou. A Mercedes ainda não tem um GLC ou GLA Coupé. Caberá ao GLE Coupé testar a aceitação do público.



Nova nomenclatura

Por falar na mudança das nomenclaturas da Audi, a Mercedes também vai alterar a designação dos seus utilitários esportivos, remetendo ao sedãs em que são baseados. A transição pra valer começa no ano que vem. 

Usando a sigla GL (de Geländewagen - ou carro fora de estrada, em alemão), o Classe M vai passar a se chamar GLE e o Coupé aqui apresentado já é um derivado deste. O quadradão GLK vai se chamar GLC, pois tem a plataforma do Classe C. O GL mudou para GLS. As exceções são o compacto GLA (já nasceu adaptado) e o rústico G, que, pela nova lógica, deveria se chamar GL, mas manteve o nome porque é um clássico. 

As mudanças também valem para os cupês de quatro portas (embora o CLA e o CLS mantenham o nome) e roadsters (o SLK vai passar se chamar SLC, mas o SL continua com o mesmo nome por também ser um clássico). Os pomposos nomes das versões de motor como BlueTec, CDI e Natural Gas Drive serão identificados apenas por simples letras como c (gás natural), d (diesel), e (elétrico), h (híbrido), f (célula de combustível ou hidrogênio). 

Já a refinada marca Maybach volta como uma versão ainda mais luxuosa do Classe S.