TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
Matéria originalmente postada em setembro de 2014


A inglesa Jaguar tornou-se nobre pelos seus cupês esportivos (E-Type, XK e F-Type) e sedãs de luxo (XJ, MarkII, S-Type e XF). Mas não foi bem sucedida com o seu primeiro sedã médio, o X-Type. O público não aceitou o "sacrilégio" da tração dianteira do modelo baseado no Ford Mondeo (marca que era dona da Jaguar na época) e o considerou um "mais do mesmo". O X-Type foi vendido entre 2001 e 2009 e teve até uma versão perua.

Jaguar X-Type

Passados cinco anos, a Jaguar parece ter superado o trauma e vai dar uma segunda chance ao segmento médio. Apresentou em Londres, com toda pompa e participação da estilista Stella McCartney, filha do ex-Beatle Paul, o novo XE, que será mostrado ao público no Salão de Paris, que começa agora em outubro, e também terá uma perua e um cupê.



No estilo, nenhuma novidade nas linhas assinadas por Ian Callum. Ele é muito parecido com o irmão maior XF: tem grade retangular de contornos arredondados, faróis espichados, para-choque dianteiro com três grandes entradas de ar, capô longo, teto curvado, traseira curta e alta com lanternas traseiras horizontais, divididas pela tampa do porta-malas. As rodas podem ter entre 18 e 20 polegadas. 


A nova plataforma modular, que permite o uso em outros modelos de qualquer tamanho, com 75% de alumínio de alta resistência, não chega a ser uma revolução, mas o XE é o primeiro Jaguar com esta estrutura. Ele mede 4,67m de comprimento, 1,85m de largura e 1,42m. A distância entre-eixos é de 2,83m. Seu porte se posiciona entre o BMW Série 3 (4,62m) e o Mercedes Classe C (4,68m). O Audi A4 tem 4,70. Os três alemães serão os seus principais concorrentes em todo o mundo.


O interior do XE é sofisticado, com muito espaço, conforto e bons materiais, como couro. O painel tem desenho conservador, com a parte central separada do quadro de instrumentos. É tanta discrição que o que mais chamam atenção são o acabamento (artesanal) das portas contínuo até o alto do painel, próximo ao para-brisa, e a tela de 8 polegadas sensível ao toque do sistema multimídia, chamado InControl.




O sistema se comunica por controle de voz e permite que os proprietários sincronizem telefones com sistema iOS e Android, e também escolham a temperatura dentro do carro com antecedência, bloqueiem as portas e até mesmo liguem o carro, remotamente, de qualquer lugar do mundo.

Seus aplicativos também podem ser controlados pelo volante multifuncional, por onde o motorista pode acessar mapas virtuais de localização e até fazer reservas em hotéis. E o XE também tem sinal wifi, para permitir o acesso à internet por todos os passageiros dentro do carro. O sistema de áudio tem 10 alto falantes e 380 watts. 

O sistema de Head-Up Display (HUD), que projeta informações funcionais do carro no para-brisa, já é conhecido de outras marcas, como a Peugeot e a Mini. Mas a Jaguar inova ao usar a tecnologia a laser, que permite maior nitidez e agilidade.


Entre os itens de segurança, o XE é equipado com sistema de frenagem de emergência autônoma, que usa informações de uma câmera captadora de imagens tridimensionais para aplicar os freios e evitar acidentes, sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, função de advertência de saída de pista, piloto automático em baixas velocidades, monitoramento de ponto cego, estacionamento semi-automático e detector de tráfego traseiro. 

De início o novo sedã médio da Jaguar terá dois motores, da família Ingenium: um 2.0 de quatro cilindros turbodiesel, totalmente feito em alumínio. Rende 163 cavalos e 39 kgfm de torque. O outro é o conhecido V6 3.0 Supercharged e injeção direta, usado no cupê F-Type. Tem 340 cavalos e 46 kgfm. Posteriormente, será oferecido um 2.0 a gasolina com turbo e injeção direta, de 240 cavalos, que equipará a versão básica vendida no Brasil. Esta versão, chamada S, acelera de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos e tem velocidade máxima limitada a 250 km/h. O consumo é de 8,3 km/litro a 100 km/h.


O câmbio é automático de oito marchas da ZF. A tração, para corrigir o erro com o velho X-Type, foi mantida na traseira, mas ganhou o sistema ASPC, que otimiza a tração do carro em terrenos inconstantes como neve, piso molhado, etc., para deixá-lo parecido com uma tração 4x4. A suspensão de trás é integral, um sistema mais moderno que a tradicional multilink. A dianteira é dupla triangular, como no F-Type. A direção é elétrica, pela primeira vez num Jaguar, e sua assistência é calculada por um algoritimo inédito para garantir a precisão e o controle.

O XE será produzido na nova fábrica de Solihull, no Reino Unido, construída pela holding Jaguar-Land Rover (JLR), hoje controlada pela indiana Tata. O sedã chegará ao Brasil no ano que vem, como importado. Mas há a possibilidade, ainda que pequena, dele também ser produzido na nova unidade que o grupo está construindo em Itatiaia, aqui no estado do Rio, para produzir o novo Land Rover Discovery Sport. Sonhar não custa nada.

De real, só o fato que ele vai chegar ao país antes dos Estados Unidos e custará bem caro, na faixa dos 140 mil reais.