TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
MEDIÇÕES: REVISTA QUATRO RODAS


A promessa de que 2015 será marcado pela chegada de novos utilitários esportivos compactos começa a ganhar forma. O Honda HR-V, o primeiro dos três esperados, já está à venda. Os outros dois são o Jeep Renegade e o Peugeot 2008.  

Maior que os rivais (4,29m de comprimento), o HR-V é esportivo por fora e refinado por dentro. Seu estilo se aproxima dos cupês por causa do desenho em arco das janelas e da maçaneta embutida na coluna da porta traseira, como se ele tivesse apenas duas portas. A lateral tem um longo vinco que vai da dita maçaneta até o para-lama dianteiro. Todas as versões têm rodas de 17 polegadas, sendo que as da versão básica LX não são de liga-leve. 


Na traseira a inclinação do vidro lembra o Mercedes GLA. As lanternas, iluminadas por LED, são triangulares no canto e horizontais na tampa do porta-malas, formando um bumerangue. Há um vinco em U na parte de baixo da traseira. A placa fica na tampa.

Na frente, os faróis são pontiagudos e alinhados a um poluído conjunto composto por máscara em preto brilhante, emblema da marca, frisos cromados e placa, que fica sobre a entrada de ar. A tal máscara tem formato em H, seguindo um conceito lançado pelo atual Fit e adotado também no City. O para-choque dianteiro está integrado ao resto da carroceria. A área dos faróis de neblina e da entrada de ar inferior é bem estilizada. A proteção dos para-choques é cinza e também envolve a lateral.


O acabamento interno é digno de elogios. Eu que sempre reclamo de plásticos duros no painel (presentes nas parte superior e inferior) tive que me render ao revestimento macio de boa parte do tablier, ao revestimento de tecido nas portas e ao couro no console de assoalho elevado e flutuante. Notou a ausência do freio de mão? A trava de estacionamento é elétrica, através de um botão.



O desenho é minimalista, com quadro de instrumentos de desenho tradicional, a faixa com a tela multimídia e saídas de ar assimétricas. A central esquerda é triangular, mas a direita ocupa toda a área do carona (são três difusores). Na parte de baixo, perto da porta do motorista há o botão de desligamento do controle de estabilidade, no centro o comando do ar condicionado digital por toque, como no City (e no Fit vendido no exterior, pois no nosso o ar automático não veio), e o porta-luvas. Também do sedã vem os instrumentos com cluster do computador de bordo circular com econômetro e o velocímetro no centro, com direito a moldura de iluminação personalizável (amarelo, laranja, vermelho, rosa, roxo, azul e branco).




Graças à distância entre-eixos de 2,61m, o espaço interno atrás é excelente. O passageiro vai com as pernas folgadas e o joelho não roça no banco dianteiro. Há cinto de segurança de três pontos e apoio de cabeça para os três passageiros (o cinto do meio é guardado no teto) e encaixes Isofix para cadeirinhas infantis nos dois lugares da ponta. No HR-V não poderia faltar o sistema ULT, usado no Fit, que levanta o assento do banco traseiro para facilitar o transporte de objetos altos, como uma planta. O porta-malas tem 431 litros (seis abaixo do assoalho) e é o maior da categoria.


O HR-V chega ao mercado somente o motor 1.8 16v i-VTEC, o mesmo da versão básica do Civic, a LXS. A diferença é que no crossover ele é mais potente com gasolina, contrariando o que normalmente ocorre nos outros motores flex. São 140 cv (139 cv com álcool). E ele tem o sistema FlexOne, que dispensa o tanquinho de gasolina.


A adoção do motor 1.8 ficou acima do esperado (no Japão ele usa o 1.5 do City e do Fit). Porém, o HR-V é menos potente que a maioria da concorrência. O Chevrolet Tracker, por exemplo, também 1.8, tem 140 e 144 cavalos. Ecosport e Duster vão concorrer com o Honda com o motor 2.0 e eles são mais potentes. Chegam aos 147 e 142 cv respectivamente. Maior ainda é o 1.6 THP do Peugeot 2008 (o terceiro dos novos modelos), com 165 e 173 cavalos. Só o Renegade, que usa o mesmo motor 1.8 E.TorQ da Fiat é menos potente: 132 cavalos. Mas o Jeep tem um motor 2.0 a diesel de 170 cv. O câmbio automático CVT de sete velocidades vai equipar todas as versões. O manual de seis marchas é exclusivo da versão básica LX.


Apesar da inferioridade na ficha técnica, o HR-V tem desempenho similar ao dos rivais, inclusive o Renegade movido a diesel. A exceção é o 2008, que é superior. Segundo a Quatro Rodas, acelera de 0 a 100 km/h em 11 segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 7,4 segundos.

Abastecido com gasolina, o Honda fez 10,4 km/litro na cidade e 13,1 km/l na estrada. A soma ficou apenas 500 metros atrás do Ecosport e a distância maior para o Renegade se deve ao motor a diesel deste.

Destaque para a frenagem de 25,8 metros a 80 km/h e 60,3 m a 120 km/h. Bem superior. O nível de ruído de 62,8 decibéis a 80 km/h só perde para o Renegade e o 2008.

O Honda HR-V começa a ser vendido em três versões. A básica LX é a única com dois tipos de câmbio, mas tem calotas no lugar das rodas de liga-leve e não tem bagageiro no teto. Custa R$ 69.900 a manual e R$ 75.400 a CVT. A EX é a intermediária por R$ 80.400 e a top EXL sai por R$ 88.700.

HR-V LX

A LX já vem com controles eletrônicos de tração e estabilidade, freios a disco nas quatro rodas com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), assistente de partida em rampa, fixação Isofix para cadeira infantil, rodas de 17 polegadas em aço com pneus 215/55, freio de estacionamento com comando elétrico e retenção automática (mantém o carro freado ao se tirar o pé do pedal), ar-condicionado manual, direção assistida elétrica, controle elétrico de vidros (com função um-toque para todos, abertura e fechamento a distância), travas e retrovisores, alarme antifurto, volante ajustável em altura e distância, banco traseiro bipartido 60/40, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos os ocupantes, computador de bordo e rádio/CD com MP3, interface Bluetooth e entradas USB e auxiliar. As bolsas infláveis são apenas as frontais. O HR-V LX CVT tem rodas de alumínio.

HR-V LX

A EX adiciona rádio com tela de 5 pol, câmera traseira para manobras, luzes de direção com leds nos retrovisores, faróis de neblina, controlador de velocidade (piloto automático), volante revestido de couro com comandos de áudio e iluminação nos espelhos dos para-sóis.

HR-V EX
A completa EXL é a única que vem com bolsas infláveis laterais dianteiras, tela de 7 polegadas com sistemas de áudio e navegação, entrada HDMI, câmera de ré mais detalhada, ar-condicionado automático, indicador de temperatura externa, retrovisores externos com rebatimento elétrico e visualização do meio-fio no lado direito ao acionar marcha à ré, bancos revestidos de couro e modo sequencial para o CVT, que simula sete marchas com trocas por meio de comandos no volante.

O GPS do HR-V traz um software contendo as informações de trânsito das principais capitais do país – inicialmente, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG). O hardware possibilita a conexão Wi-Fi (via hotspot) com o uso de browser para acesso à internet , além de Bluetooth com voice tag para chamadas telefônicas e reprodução de áudio. No entanto, o HR-V ainda sai de fábrica sem sensores de estacionamento, chuva e faróis, além dos airbags de cortina. Também não tem luzes diurnas de LED.


O nome Vezel, com o qual foi revelado mundialmente e apareceu pela primeira vez no Guscar, ficou restrito ao Japão. Para o resto do mundo a Honda ressuscitou a denominação de um utilitário compacto com linhas bem quadradas, com carroceria de duas (lançada inicialmente) e quatro portas, fabricado entre 1999 e 2005.


HR-V 1999

O HR-V (inicialmente Sumaré), o Renegade (Goiana, Pernambuco) e o Peugeot 2008 (Porto Real, Rio de Janeiro), todos nacionais, chegam quase simultaneamente para fazer crescer o mercado de utilitários esportivos compactos com vocação urbana e tirar definitivamente a paz do Chevrolet Tracker (R$ 87.400), Renault Duster (2.0 de R$ 72.990 a R$ 78.700) e Ford Ecosport (2.0 de R$ 75.100 a R$ 87.100), que já teve uma vida mais fácil. 

Pontos Fortes 

+ Estilo
+ Acabamento
+ Espaço interno
+ Porta-malas
+ Frenagem


Pontos Fracos

- Preço
- Falta de alguns equipamentos de conforto e segurança
- Airbags laterais restritos à versão mais cara



FICHA TÉCNICA

Motor: Quatro cilindros em linha, transversal, flex, 1.798 cm³, 16 válvulas
Potência: 140 (gasolina) e 139 cv (álcool)
Torque: 17,4 (gasolina) e 17,3 kgfm a 5.000
Câmbio: manual de seis marchas e automático CVT 
Tração: dianteira
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11 segundos (revista Quatro Rodas com gasolina)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 10,4 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada (Quatro Rodas, com gasolina)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,29/1,77/1,58/2,61m
Porta-malas: 431 litros
Tanque: 51 litros
Preço: R$ 69.990 (LX manual) / R$ 75.400 (LX CVT) / R$ 80.400 (EX) / R$ 88.700 (EXL)