TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


A italianíssima Alfa Romeo sempre teve uma vocação esportiva. Mais do que nunca agora, depois da reestruturação feita pelo grupo Fiat-Chrysler. As fotos divulgadas do novo Giulia são uma amostra desse posicionamento.

O primeiro sedã médio desde o 159 (2005-2011) só apareceu em imagens oficiais na versão superesportiva Quadrifoglio Verde (QV), que tem rodas de grande polegada com raios escurecidos, abertos em formato de gota, onde quem se destaca são os discos de freio em carbono-cerâmica. A lateral tem teto arredondado, com janelas de moldura preta, vinco na porta e uma entrada de ar perto da roda dianteira. Acima, o tradicional trevo de quatro folhas dentro de um triângulo branco, símbolo da Alfa Romeo nas corridas dos anos 50.



A frente tem a característica grade triangular, que representa o tradicional "cuore sportivo" da Alfa, em maiores dimensões e invadindo a segunda entrada de ar no para-choque, com função mais aerodinâmica do que de proteção. Tanto que o spoiler se movimenta para dar maior aderência nas curvas através da central eletrônica CDC (Chassis Domain Control). Os faróis são espichados e têm xenônio e LED. 

Na traseira, as lanternas são horizontais com extensão inclinada para cima na tampa do porta-malas e uma grande depressão na área da placa. O que mais chama atenção mesmo são as quatro saídas de escapamento no para-choque com proteção de fibra de carbono. O spoiler sobre o porta-malas é um pouco discreto.


Tanta aparência esportiva é justificada pelo motor V6 3.0 biturbo que rende impressionantes (para um sedã médio) 510 cavalos! O propulsor foi desenvolvido pela Ferrari, mas equipa apenas os modelos da Maserati, como o Quattroporte e o Ghibli. Construído em alumínio, tem sistema de desligamento de parte dos seis cilindros. Inicialmente terá apenas câmbio manual de seis marchas, mas a embreagem será dupla, com o sistema Torque Vectoring, que permite ao diferencial traseiro controlar a quantidade de torque entregue em cada uma das rodas separadamente. Poderá ter tração traseira ou integral. Futuramente serão lançadas versões com motores de quatro cilindros 2.0 turbo a diesel e a gasolina.  

Com alumínio em várias partes do carro além do motor, como a suspensão independente double wishbone e portas, o Giulia ficou com peso na faixa dos 1.500 kg, proporcionando uma relação peso/potência de menos de três quilos. Este peso é dividido igualmente entre os dois eixos. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 3,9 segundos e estima-se que o Giulia QV chegue aos 321 km/h.

Tanta agressividade no estilo externo é suavizada pelo interior refinado com couro Alcantara e alumínio. O painel tem desenho horizontal ascendente e duas telas multimídia, uma no centro e outra entre os instrumentos individuais, uma característica da Alfa Romeo. Abaixo das saídas de ar horizontais estão os comandos do ar condicionado e mais abaixo um porta-objetos. No console há o comando dos modos de resposta do motor entre Dynamic, Natural, Advanced Efficient e Racing, chamado DNA. Há muito conforto para o piloto, ou melhor, o motorista domar os 510 cavalos ou pisar fundo no acelerador: volante de três braços com boa empunhadura e bancos dianteiros em concha. Os lugares traseiros aparentam ter bom espaço. 




A plataforma da nova versão, chamada Giorgio, é inteiramente nova e dará origem ao sucessor do hatch médio Giulietta, cuja geração atual foi o último Alfa Romeo de grande volume a ser lançado (isso lá em 2010). Há dois anos foi lançado o cupê 4C e no ano passado a sua versão roadster, sendo que estes têm produção limitada. O outro modelo da Alfa é o hatch compacto MiTo, de 2008.

O Giulia vai concorrer com o trio de alemães Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C. Contudo, inicialmente, a briga vai ser com as respectivas versões esportivas S4 (por enquanto com motor V6 3.0 TFSI de 333 cavalos), M3 (biturbo de seis cilindros em linha de 431 cv) e C63 AMG S (V8 4.0 de 510 cv). E só a partir de fevereiro ou março do ano que vem. Os ansiosos podem ver a sua pré-estreia no Salão de Frankfurt. 

Apesar de priorizar a versão esportiva do seu novo sedã médio a Alfa Romeo está pensando grande e pretende vender 36 mil unidades do Giulia no ano que vem em todo o mundo. É muito provável que o Brasil ainda não esteja nestes planos. 



Os antecessores do novo Giulia

O Giulia homenageia o velho sedã homônimo, produzido entre 1962 e 1978. Um ano antes do seu fim (1977) surgiu a Nuova Giulietta, que deu lugar ao 75 em 1985. Em 1992 surgiu o 155, de estilo reto e discreto, embora famoso por ter participado do turismo alemão DTM e vendido no Brasil como importado em 1996. O 156, de 1997, foi eleito o Carro do Ano europeu. Também foi vendido aqui de 1998 até a marca italiana abandonar o país em 2006, quando foi lançado o seu sucessor 159, que tinha frente inspirada no cupê Brera e durou até 2011, marcando o início do jejum de quatro anos sem um sedã da Alfa Romeo.  

Alfa Giulia - 1962-1978

Alfa Romeo Giulietta - 1977-1985


Alfa Romeo 75 - 1985-1992

Alfa Romeo 155 - 1992-1997

155 DTM



Alfa Romeo 156 - 1997-2003


Alfa 156 Sportwagon 2000
Alfa Romeo 156 com face-lift (2003-2005)
Alfa Romeo 159 - 2005-2011

Alfa Romeo Brera, cuja frente foi aproveitada no 159 / Foto: Gustavo do Carmo