TEXTO E MEDIÇÕES: MÁRIO COUTINHO LEÃO | FOTOS: DIVULGAÇÃO

Tente se imaginar na seguinte história: Sua primeira moto foi uma Yamaha YBR 250 Fazer. A segunda e atual é uma Kawasaki Ninja 250R. Daí você pensa em trocá-la por uma Kawasaki Ninja 300 ABS novinha, mas na loja também há uma unidade da naked Z300 ABS. A dúvida fica grande, entre atualizar sua moto carenada ou ter uma naked bem ágil na cidade. E seu amigo "testador de blog" começa a contar pra você as minúncias de uma pequena moto austríaca preta e laranja, a KTM Duke 390, também 0km. E as lojas da Yamaha anunciando a novíssima MT-03, na mesma faixa de preço e igual proposta esportiva. Dureza!!

As diferenças são muitas, claro. Na ciclística e também no desempenho. Um dia na pista de testes sempre fica divertido, com um TrackDay bem de leve logo após o pôr-do-sol. E foi nesse espírito que ajudei um amigo de infância a tirar a dúvida e de divertir um pouco. Acredito que a dúvida seja parecida com a de muitos jovens pilotos de duas rodas ao querer trocar de moto e tendo pouco mais de R$20.000 para gastar em uma moto que anda bem, tem visual moderno e seja divertida.




Chassi leve, suspensões macias, motor elástico, marchas curtas e freio dianteiro esponjoso. Não esqueça a durabilidade e a facilidade de revenda. Seguro não é caro, peças idem. E o consumo nas grandes cidades pode passar dos 30 km/litro. Bem legal essa Fazer 250. O visual com 8 anos de existência não desagrada e a ciclística bem eficiente para o dia-a-dia corrido. A velocidade de cruzeiro mal chega aos 90 km/h reais, ritmo das grandes vias de trânsito rápido. Se for no centro de SP, vai sobrar motor, para ser sincero... Enfim, motinha bem legal. Mas depois que se acostumar com ela, você vai querer (ou precisar) de algo mais.


Aqui a coisa muda de figura. Falta força em baixas rotações, o jeito é "enrolar o cabo" e "metralhar o câmbio" pra fazer a verdinha andar. A ciclística é boa, tudo vai no bom jeito Kawasaki. O visual é esportivo, agradável, só o painel de instrumentos com aquele jeitão de anos 1990. Andar forte com ela significa percorrer menos de 20 quilômetros a cada litro de gasolina consumido, mas até que a diversão compensa. Faltam concessionárias ou lojas independentes competentes para manter a Ninjinha em dia com peças e servições. Bom para ir de casa pro trabalho, do trabalho pra faculdade e esticar nas noites do fim de semana. Se a companhia não exigir um banco garupa grande e macio, o da 250R serve bem, com pedaleiras não muito recuadas e razoável conforto, até mesmo no trajeto de rodovia e serra até a praia. Dá pra manter os 120 km/h sem constrangimentos mecânicos.


Aqui há força de sobra abaixo dos 8.000 giros e, acima disso, mais potência. A proteção aerodinâmica é pouca coisa melhor que na antecessora 250R, mas a ciclística ganha um tempero especial: O maior torque exigiu uma embreagem deslizante, que evita a derrapagem da roda traseira nas reduções de marcha mais ousadas. Freios e suspensões seguem na mesma linha da antiga Ninjinha, suficientes para o desempenho desta 300.  Rodoas podem ser cruzadas aos 130 km/h com facilidade. Destaque para o ABS, evitando surpresas em asfalto sujo ou molhado.


Tire a carenagem e a bolha pára-brisas e alivie o peso da dianteira em 3kg, mantendo todo o restante. Já pode serpentear entre os carros e segurar no peito o vento da liberdade acima dos 100 km/h, embora o motor e o câmbio permitam algo acima disso. Visual invocado é a cara da Kawasaki. Difícil apontar defeitos nessa urbana bombadinha. Só não gostei muito dos freios, o dianteiro meio borrachudo que sofre fadiga por aquecimento e o traseiro que insiste em exigir atuação constante e intrusiva do ABS. Fora isso, tudo bem.


Áustria, sua linda! Freios da Bybre (segunda linha da Brembo), suspensão WP especial da KTM, muito torque, marchas curtas, quadro firme, ciclística demoníaca, visual exclusivo e muita sugestão para que você "meta o loko" e seja mais criticado que o Tiozão da Hornet. Pelo preço pouco acima dos R$22.000 já dá pra entender porque a imprensa especializada idolatra essa maquininha urbana de felicidade. Na pior hipótese o banco estreito e duro vai incomodar um pouco, mas nada que desabone a moto.


Última da lista mas não menos importante que a Dukinha. Talvez a Yamaha viva seu melhor momento no mercado, passando a boa sensação de reação às demandas de seu público. A MT-03 chega com a vontade de ser divertida como a KTM 390 e versátil como a Kawasaki Z300. A ciclística comprova isso. Embora seus componentes não sejam "TOP!" como os da Austríca, seu tempo de volta e o comportamento na pista foram dos melhores. Posição de pilotagem e banco também garantem maneabilidade no trânsito urbano. E só aumenta a dúvida de quem queira uma moto nova e versátil para o dia-a-dia.

.: Yamaha YBR 250 Fazer  - 2008 :.
VELO CITTÁ - Mogi Guaçu/SP
Power Lap: 1m17s44 - 95 km/h

.: Kawasaki Ninja 250R - 2011 :.
VELO CITTÁ - Mogi Guaçu/SP
Power Lap: 1m12s33 - 118 km/h

.: Kawasaki Ninja 300 - 2015 :.
VELO CITTÁ - Mogi Guaçu/SP
Power Lap: 1m09s18 - 136 km/h

.: Kawasaki Z300 - 2015 :.
VELO CITTÁ - Mogi Guaçu/SP
Power Lap: 1m09s62 - 133 km/h

.: KTM 390 Duke - 2016 :.
VELO CITTÁ - Mogi Guaçu/SP
Power Lap: 1m07s69 - 145 km/h

.: Yamaha MT 03 - 2016 :.
VELO CITTÁ - Mogi Guaçu/SP
Power Lap: 1m07s94 - 144 km/h