TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


Nas palavras da Fiat, o novo Mobi é um novo conceito de mobilidade, daí o nome do novo compacto. Na prática ele vai substituir a versão básica Vivace do Uno e só não vai enterrar o Palio Fire para que este continue com volume para brigar pela liderança do mercado. Por fim, na realidade, é um hatch que usa a mesma base e as portas dianteiras do Uno, só que menor ainda e acabou saindo mais caro do que se esperava.



O Fiat Mobi ficou um design estranho. Inclusive para a marca italiana. Parece um modelo chinês, principalmente no recorte do vidro lateral traseiro e da traseira propriamente dita. No entanto, é ela o seu melhor ângulo. As lanternas são arredondadas e a tampa do porta-malas é de vidro, algo que faltou no nosso Volkswagen Up!, já que no europeu também é assim. A frente é a mais esquisita: tem capô longo (projetado para manter o motor 1.0 de quatro cilindros), faróis enormes que vão até o para-lamas e grade desproporcional com dois filetes com relevos.



O Mobi é 21 centímetros menor que o Uno, que tem 3,77m de comprimento. A distância entre-eixos também foi encurtada de 2,37m para 2,30m. Por isso, o espaço interno que já era apertado no Uno se tornou exíguo no Mobi. Mesmo aumentando a altura do veterano de 1,48m para entre 1,49m e 1,55m, a sensação de espaço não melhorou. A largura permanece em 1,63m, fazendo do Mobi um carro para quatro passageiros, embora esteja homologado para cinco. O quinto passageiro não tem apoio de cabeça e seu cinto é abdominal. 


O porta-malas também é pequeno: tem apenas 235 litros (280 no Uno) e o Cargo Box, que era para ser um recurso semelhante à divisória S.A.V.E. do Up!, mas acaba atrapalhando, pois a caixa é solta e ainda rouba espaço, reduzindo a capacidade para 215 litros.


Os bancos são de encosto elevado, ou seja, com o apoio de cabeça embutido, como no Up!. Já o acabamento é puro plástico, embora texturizado com o nome do carro, tanto nas portas, quanto no painel com um recuo no lado do passageiro. 



No centro se destaca o compartimento para a tela do rádio ou do Live On, que é apenas um conector para encaixar o seu próprio smartphone e fazer dele um sistema multimídia. Será oferecido apenas em junho. O quadro de instrumentos é compacto, com velocímetro sobre a tela branca, monocromática e clara de caracteres pretos e 3,5 polegadas na vertical. 






O Mobi só será vendido (por enquanto) com o mesmo motor 1.0 EVO do Uno, de 73 e 75 cavalos. Poderia ter recebido um de três cilindros, mas a Fiat disse que ele não estava pronto e isso poderia atrasar o lançamento do carro. A marca promete para ainda este ano. É mais um exemplo do lançamento parcelado, característica da nossa indústria desde os anos 1950. O câmbio ainda é o velho manual de cinco marchas e não de seis, como o Hyundai HB20. 

As versões do Mobi são a Easy, Like e Way, com equipamentos adicionais que acrescentam um On no nome. Uma alusão aos Take, Move e High do Up!. O Way tem decoração off-road (como o velho Mille, o Palio Fire e o Uno) e é mais alto (1,55m). A Fiat esperava que o Mobi custasse abaixo de 30 mil reais. Mais uma decepção.


A mais barata Easy chega custando R$ 31.900. Vem de série com banco traseiro bipartido, para-choques pintados na cor da carroceria, Lane Change (aciona as setas automaticamente em caso de mudança de faixa), ESS (sinalização de frenagem de emergência), rodas de 13 polegadas com calotas, retrovisores com comando interno e para-sol com espelho para o passageiro. Como opcionais há ar quente e o pacote Functional, composto por vidros dianteiros e travas elétricas, limpador e desembaçador do vidro traseiro e predisposição do rádio.

A Easy On custa R$ 35.800 e adiciona ar-condicionado, direção hidráulica (que poderia ser elétrica, como no Up!, mas deve chegar no final deste ano), volante com regulagem de altura e rodas de 14 polegadas.


A Like sai por R$ 37.900 e acrescenta ao conteúdo do Easy On vidros e travas elétricas, predisposição de rádio, computador de bordo, chave telecomando, console central longo com porta copos para os passageiros do banco traseiro, limpador e desembaçador traseiro, cintos de segurança dianteiros ajustáveis em altura, maçanetas e retrovisores externos pintados na cor da carroceria, grade dianteira pintada em preto brilhante, comandos internos para abertura do bocal de combustível e do porta-malas, revestimento do porta-malas e Cargo Box. Os opcionais são os dois sistemas de som, rádio B7 e o Fiat Live On (só a partir de junho), ambos acompanhados de alarme e comandos no volante.

A Like On parte de R$ 42.300 e tem rodas de liga leve de 14 polegadas, faróis de neblina, banco do motorista com regulagem de altura, retrovisores elétricos com Tilt Down e repetidores de direção, kit Comfort (apoio para o pé esquerdo do motorista, porta-óculos e alças de segurança), sensores de estacionamento, tecidos diferenciados em duas cores com costuras brancas, alarme e rádio B7 com comandos no volante. 


O Mobi Way (R$ 39.300) e o Way On (R$ 43.800) têm os mesmos equipamentos do Like/Like On, com a diferença de trazer a suspensão elevada, barras longitudinais no teto, protetor de plástico da caixa das rodas, para-choques diferenciados e rodas de liga leve de 14 polegadas com desenho exclusivo. O On ainda tem console no teto e espelho adicional.

Tanta comparação com o Up! no texto se justifica porque o Volkswagen foi a inspiração e será o alvo do Mobi, que consegue ser mais barato, com ar condicionado, vidros e travas elétricos, na versão Like, se comparado à versão mais barata do Up! com quatro portas, a Move Up! (R$ 42.590). Mas pelo seu estilo e porte o Fiat também terá como concorrentes os chineses Chery QQ (R$ 28.390) e o JAC J2 (R$ 40.390). Já prometo um comparativo entre estes modelos.

Apesar de decepcionante, o preço do Mobi é competitivo, mas o acabamento simples demais, o espaço interno apertado, o porta-malas reduzido e a falta de inovação mecânica podem continuar dificultando o sucesso dos carros subcompactos no Brasil. Nâo foi à toa que o Ford Ka cresceu. 



FICHA TÉCNICA 

Motor: Quatro cilindros, transversal, flex, 999 cm³, 8 válvulas
Potência: 73 cv (gasolina) e 75 cv (álcool)
Torque: 9,5 kgfm (G) e 9,9 kgfm (A) a 3.850 rpm
Câmbio: Manual de 5 marchas
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,6 segundos (com gasolina) e 13,8 segundos (com álcool) - fabricante
Velocidade máxima: 153 km/h com gasolina e 154 km/h com álcool (fabricante)
Consumo com gasolina: 11,9 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada (INMETRO)
Consumo com álcool: 8,4 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada (INMETRO)
Comp/larg/alt/entre-eixos: 3,57/1,63 (1,68 no Way) /1,49 (1,50 no Like e 1,55 no Way) /2,30 m
Porta-malas: 235 litros (215 quando equipado com Cargo Box)
Tanque: 47 litros
Preço: R$ 31.900 (Easy) / R$ 35.800 (Easy On) / R$ 37.900 (Like) / R$ 42.300 (Like On) / R$ 39.300 (Way) / R$ 43.800 (Way On)