TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS E CARRO


Um dos modelos ícones do conceito de crossover, misto de perua e utilitário esportivo, o Ford Edge teve a sua segunda geração apresentada há dois anos. No texto de apresentação internacional, em 2014, eu encerrei dizendo que a sua vinda ao Brasil dependeria do ritmo de produção no Canadá e dos custos de importação.

Parece que o modelo demorou bastante, mas eu disse que ele só chegaria ao mercado norte-americano este ano, 2016. Se levarmos em consideração também a crise político-econômica em que vivemos até que não demorou muito. Mas o Edge chegou ao país bem mais caro: na faixa dos 220 mil reais (R$ 229.900 para ser mais exato), em versão única (Titanium) e com o mesmo motor V6 3.5 das outras gerações.



Apesar de ter mantido a silhueta retangular, o Edge evoluiu em estilo e cresceu em dimensões. As enormes barras cromadas da grade deram lugar a um conjunto hexagonal mais vazado, um pouco mais discreto e dentro da atual identidade visual da Ford, que deve ser visto no face-lift do compacto Ecosport. Os faróis estão maiores e retangulares. As luzes de LED estão no para-choque, emoldurando o espaço que seria dos faróis de neblina. 

A lateral está mais musculosa e as janelas ganharam uma ascendência a partir da linha de cintura na parte traseira. A coluna D também está mais larga. A junção do vidro traseiro com a tampa do porta-malas está mais arredondada. As lanternas agora são horizontais, atravessando o porta-malas, e com lentes brancas e régua sobre a placa de LED.


O Edge também está bem maior. O comprimento aumentou em 10 centímetros, passando de 4,68 para 4,78m. Já a altura e a distância entre-eixos cresceram apenas 3 cm, sendo agora de, respectivamente, 1,74m e 2,85m. Só a largura se manteve nos 1,93m.


O interior foi totalmente renovado. O painel está com linhas mais arredondadas e a parte central não é mais tão contínua até o console no assoalho. As saídas de ar voltam a ser verticais ao redor da tela multimídia, fazendo lembrar a primeira geração pré-face-lift. O plástico, ainda que emborrachado, passa a dominar o ambiente e a imitação de madeira sai de cena. Os controles do ar condicionado dualzone por toque foram substituídos por botões convencionais. Um retrocesso em nome da praticidade. Mas o quadro de instrumentos parcialmente virtual foi bem aceito e continua no novo modelo.


Também foi mantido o sistema multimídia Sync2, que, embora tenha comando de voz, não tem espelhamento com smartphones, como o seu irmão de plataforma Fusion, recentemente apresentado com face-lift. O recurso deve chegar ao crossover na linha 2018.

Tirando esse deslize, o Edge ganhou equipamentos tecnológicos de segurança e conveniência como sistema de estacionamento automático, abertura do porta-malas (de 1.110 litros) por sensor de presença (passando o pé embaixo do para-choque traseiro), sistema de auxílio a manutenção em faixa, piloto automático adaptativo, alerta de colisão, câmera dianteira com visão 180º, direção elétrica com assistência dinâmica, controles eletrônicos de estabilidade, tração, anticapotamento e em curvas, oito airbags e cintos de segurança traseiros infláveis. Também estão na lista bancos de couro (dianteiros aquecidos e refrigerados) e sistema de iluminação interna com cor selecionável. DVD para os passageiros de trás (nas costas do apoio de cabeça dos bancos dianteiros) e teto solar panorâmico são opcionais, custando R$ 5 mil cada. As rodas externas são de 20 polegadas diamantadas. Se o comprador optar pela cor Branco Sibéria ainda vai pagar mais R$ 1.300. 



O espaço interno agrada bastante e a opção do estofamento claro reforça esta impressão. Também pode vir com bancos pretos ou bege.


A continuidade do motor 3.5 V6 de 284 cavalos, do câmbio automático de seis marchas e da tração integral se deve aos custos de manutenção e, segundo a Ford, pelo propulsor tem agradado desde o primeiro lançamento do Edge, em 2008. Mas a verdade é que o Ecoboost 2.0, que tem 248 cv, ficaria fraco para mover mais de duas toneladas do crossover.

Com o V6, o Edge acelera de 0 a 100 km/h em nove segundos e retoma entre 80 e 120 km/h em 6,6 segundos. Por causa do motor velho e pesado, o consumo é elevado: 6,8 km/litro na cidade e 10 km/l na estrada. A frenagem de 28,6 metros a 80 km/h é boa, pois é condizente com porte do carro. Os números são da revista Quatro Rodas, com exceção do bom nível de ruído de 58,9 decibéis, também com 80 km/h, que é da revista Carro.


Barato o Edge nunca foi. E a geração atual mantém o problema. Chega a ser mais caro que o Land Rover Discovery Sport (R$ 206.100), o Mercedes GLC (R$ 222.900) e o Volvo XC60 (R$ 225.900). Em relação aos utilitários das marcas mais populares, ele chega a custar uma fortuna: Chevrolet Trailblazer V6 3.6 (R$ 159.990), Kia Sorento V6 3.3 (R$ 189.990). Só o Toyota SW4 V6 4.0 (R$ 220.200) é um pouco mais barato.

Se mesmo o caro o Edge continua vindo é porque ele ele tem três qualidades que o sustenta: conforto, custo baixo de manutenção e o peso da marca Ford.


Pontos Fortes 

Acabamento
+ Espaço interno
+ Porta-malas
+ Conforto
+ Equipamentos de série


Pontos Fracos

- Preço
- Consumo

FICHA TÉCNICA


Origem: Canadá
Motor: Seis cilindros em V, longitudinal, gasolina, 3.496 cm³, 24 válvulas
Potência: 284 cv a 6.500 rpm
Torque: 34,6 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: Automático de seis marchas
Tração: integral
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9 segundos (Revista Quatro Rodas)
Retomada de 80 a 120 km/h: 6,6 segundos (Quatro Rodas)
Velocidade máxima: não divulgada
Consumo: 6,8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada (Quatro Rodas)
Frenagem a 80 km/h: 28,6 metros (Quatro Rodas)
Ruído a 80 km/h: 58,9 decibéis (revista Carro)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,78/1,93/1,74/2,85m
Porta-malas: 1.110 litros
Tanque: 70 litros
Preço: R$ 229.990 (Limited básico) + R$ 5 mil (DVD) + R$ 5 mil (Teto solar) =
R$ 239.990 (Limited completa)
Cores: Azul Creta e Waterloo, Prata Dublin, Cinza Moscou, Preto Asturias, Vermelho Vermont e Vulcano (sem custo) / Branco Sibéria (R$ 1.300)