TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO


O Ford Fiesta se junta a Audi A4, Porsche Panamera, Honda CR-V e Hyundai Elantra na lista de modelos que parecem ter passado apenas por um face-lift, mas são novas gerações

No caso do Fiesta, a sensação maior foi de um "butt-lift", já que as lanternas traseiras foram a modificação mais visível. Elas deixaram de ser triangulares verticais, entre a tampa e o vidro traseiro para assumirem a trivial posição horizontal, tirando até a ousadia do estilo.



A plataforma B ainda é a mesma do modelo lançado mundialmente em 2007, mas... a Ford garante que o Fiesta foi inteiramente modernizado. As leves modificações na contagem de gerações fazem parte da história de 40 anos do modelo lançado para o mercado europeu em 1976. A geração seguinte, de 1983, se parece muito com a anterior, assim como a de 1995 parece a mesma de 1989. Só a de 2001 (2002 para nós, brasileiros) não foi repetida na Europa. Assim, temos a sétima geração.


O chassi do Fiesta 2018 foi mantido, mas reforçado com 15% a mais de rigidez torcional. As suspensões também foram aprimoradas com controle eletrônico de vetorização de torque, o que melhora a estabilidade e a frenagem. O acabamento externo melhorou com a eliminação de parafusos, folgas de montagem e sensores de estacionamento visíveis. O comprimento cresceu sete centímetros, passando para 4.04m. Porém, o aumento na distância entre-eixos muito pequeno, de apenas 4 mm. 


O que faz a gente pensar que o Fiesta não mudou quase nada é a frente, que manteve o conceito dos faróis espichados e a grade hexagonal no para-choque. É a primeira vez que um Fiesta reestilizado, mantém o estilo da dianteira. Só que houve modificação sim. A grade está com a queda do hexágono menos acentuada. Os faróis perderam a curva na altura do para-lama e estão com a parte superior mais arredondada, além de mais transparentes e com filetes em LED. A lateral está mais alta, com as janelas em posição mais elevada. inclusive com o terceiro vidro em formato mais triangular. Isto no modelo de quatro portas. A nova geração continua tendo a opção da carroceria de duas portas, que tem a janela posterior mais ascendente e pontuda em seu final. Aqui no Brasil, esta opção de carroceria foi oferecida, pela última vez, na geração de 1996.




A mudança mais profunda do novo Fiesta está no interior, que ficou mais moderno, refinado e, enfim, agora comporta uma tela multimídia colorida de 6,5 ou 8 polegadas (no antigo o projeto estético só acomodava uma monocromática de 3,5"), sensível ao toque e espelhável com aplicativos dos smartphones. Faz parte do novo sistema Sync3, já usado aqui no Ford Fusion. Na Europa haverá a busca de cafés, postos de gasolina, estacionamentos próximos, hotéis... por comando de voz, dizendo frases do tipo "Eu preciso de um café", "Eu preciso abastecer", "Eu preciso estacionar", entre outras.


Para que a tela coubesse no painel, foi preciso deslocar, de forma horizontal, as saídas de ar, antes diagonais, para abaixo do display, que fica destacado (uma nova moda nos automóveis), como aqueles DVDs retráteis. Mas ela é fixa sobre o gabinete, que assumiu formas hexagonais. O quadro de instrumentos também evoluiu.


Aquelas capelas que isolavam velocímetro e conta-giros foram retiradas. Agora, o quadro é liso e alinhado com a tela TFT do computador de bordo de 4,2 polegadas. Nesta chapa estão pintados os ditos instrumentos. A iluminação cria uma ilusão de que o quadro é digital. Mais recuados estão os marcadores de combustível e óleo. O volante é o mesmo do Focus. As saídas de ar das pontas, antes redondas, agora são retangulares.

Os materiais também foram melhorados, com revestimento emborrachado no painel. No console inferior, logo abaixo das saídas de ar, estão os comandos do ar condicionado.


Não foram divulgadas fotos do banco de trás e nem a capacidade do porta-malas, o que leva a crer que o espaço apertado (já que a distância entre-eixos praticamente se manteve) e o porta-malas pequeno devem continuar.

Além do sistema de informação e entretenimento, o Fiesta também evoluiu em segurança. Dependendo da versão e dos opcionais, será equipado com assistente de estacionamento (que opera em vagas paralelas e perpendiculares), controle de cruzeiro adaptativo, limitador de velocidade ajustável, faróis altos com facho automaticamente ajustável, detector de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, indicador de distância, alerta de fadiga, alerta de impacto frontal iminente, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, auxiliar de manutenção em faixa, alerta de saída involuntária de faixa, detecção de pré-colisão com detecção de pedestres (inclusive à noite) e sistema de reconhecimento de sinais de trânsito. Outros itens presentes também já são conhecidos da geração substituída como assistente de partida em rampa, airbags frontais, laterais dianteiros e traseiros e de cortina, sistema eletrônico de auxílio à frenagem de emergência, controle eletrônico de estabilidade; ISOFIX para cadeiras infantis e alerta de cinto de segurança desafivelado. O novo Fiesta também passa a oferecer opção de teto solar panorâmico.


Recém-lançado no Brasil, o motor tricilíndrico 1.0 Ecoboost de 125 cavalos continua no novo modelo apresentado na Europa. Só que lá ele também terá a companhia das versões com 100 e 140 cv, além do 1.1 Ti-VCT de 70 e 85 cavalos e dos turbodiesel de quatro cilindros 1.5 TDCi de 85 e 120 cv. A novidade é que um dos cilindros pode ser desativado caso o uso não exija muita potência. 

Curiosamente, só o Ecoboost 1.0 100cv terá a opção do câmbio automático de seis marchas, que agora é de verdade, com conversor de torque, e não mais o automatizado Powershift de dupla embreagem. Já os demais Ecoboost e os diesel terão apenas (de série no caso do 100cv) o manual de seis marchas. Nos 1.1 são apenas cinco. 

Inicialmente as versões serão chamadas de Trend (básica), Titanium (completa), Active (aventureira), Vignale (luxuosa) e ST Line (esportiva), com grade e para-choque dianteiro diferenciados.

Da primeira não foram divulgadas fotos e nem outras informações. A Titanium tem grade com frisos cromados horizontais (como a maioria dos modelos atuais da Ford) e para-choque dianteiro com carenagem recortada que forma um trapézio horizontal e dois verticais, onde ficam os faróis de neblina.



A crossover Active tem para-choque semelhante, mas a base, caixa das rodas e saias laterais são em preto fosco. A grade é preta e em forma de colmeia. A versão tem suspensão elevada e bagageiro no teto.





A Vignale, mostrada apenas com duas portas, tem lascas cromadas em forma de gaivota nos filetes da grade, criando a ilusão ótica de tranças. A entrada de ar inferior é horizontal, mesma disposição das capelas dos faróis de neblina, que têm molduras cromadas.



Já a ST Line tem grade mais recortada na base e filetes ondulados pretos, carenagem divisória da entrada de ar inferior na cor da carroceria, spoilers nos para-choques e saias laterais. Todas as versões podem ter rodas de 18 polegadas, mas cada uma tem o seu desenho.



À primeira vista, o Fiesta pode não ter mudado o seu estilo. Mas quem dirigir o carro vai sentir muita diferença... para melhor. Se vem para o Brasil? A Ford já está planejando um face-lift mais simples e mais barato para cá. Ou seja: não!