Lindo o Hyundai Kona não é. O novo crossover compacto da marca sul-coreana tem detalhes polêmicos em seu estilo, como os faróis no para-choque, as luzes diurnas de LED finas no capô, a coluna lateral traseira inacabada, com aplique preto e as lanternas traseiras de neblina em posição elevada. Mas tem linhas arredondadas que o nosso Creta (criado para mercados emergentes) não tem. 



Embora seja menor que o nosso crossover (4,17m de comprimento contra 4,27m), o Kona é a versão Hyundai da segregação de mercados pobres promovida por várias outras montadoras. Para nós, brasileiros, latinos (exceto argentinos e chilenos) e asiáticos de segunda linha (como China e Índia), um modelo de linhas retas e painel simétrico e de plásticos duros como o Creta (ou ix25). Tudo para baratear os custos e aumentar os lucros, já que são vendidos a preços exorbitantes. Para mercados premium, como o europeu ocidental, o norte-americano, o sul-coreano (sua casa) e até o argentino, um modelo de estilo ousado, com interior bem acabado e recheado de equipamentos de tecnologia como o Kona, que tem uma plataforma inédita.


Estão presentes no Kona sistema de frenagem de emergência autônoma com detecção de pedestres, sistema de prevenção de colisão baseado em câmera, alerta de mudança involuntária de faixa e detector de veículos em ponto morto. Entre os itens de conveniência se destaca o head up display. Claro, também não vai faltar o sistema multimídia de 8 polegadas com espelhamento para Android e Apple. 

O interior tem estilo minimalista, mas aparentando qualidade, o que não acontece com o Creta. O painel lembra o novo Ecosport, a ser lançado nos próximos meses. E também o novo i30, outro hatch que dificilmente voltará para o nosso país. O espaço interno promete ser bom, já que a distância entre-eixos é 1cm maior que o do Creta (2,60 contra 2,59m). O porta-malas é menor que o nosso crossover: 361 contra 421 litros.

A mecânica também é mais moderna. Inicialmente serão oferecidos apenas motores a gasolina da série T-GDI, com turbo e injeção direta, nas capacidades cúbicas 1.0 (120 cavalos) e 1.6 (177 cv). Este último terá opção de tração nas quatro rodas e câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas (7DCT). No ano que vem serão lançados os diesel 1.6 com 115 e 136 cv. E o câmbio automático deverá ser convencional, de quatro marchas. 

Não queria encerrar este texto com mais um clichê. Quero apenas dizer que o nome Kona vem de uma cidade do Havaí. Mas em Portugal o novo crossover da Hyundai terá o nome de outra ilha havaiana: Kauai. Isso porque, na terrinha, cona é um apelido dado ao órgão genital feminino, que aqui costumamos chamar de Chana. Pelo mesmo motivo a marca chinesa de utilitários comerciais teve que mudar de nome para Changan. 

Kona ou Kauai. Não importa o nome, o brasileiro terá que se contentar com o quadradão Creta (que também não é um nome muito simpático). Já o argentino vai poder nos provocar: "Yo tengo, tú no tiene".


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO