O Bentley Continental GT foi o responsável pelo renascimento da sofisticada marca britânica que, até 1998, quando foi vendida para a alemã Volkswagen, era apenas uma preparadora esportiva da ainda mais nobre Rolls Royce, que foi vendida para outra alemã, a BMW, naquele mesmo ano.

A primeira geração, desenhada pelo brasileiro Raul Pires, foi lançada em 2003 e a segunda em 2011 (e foi falada aqui no Guscar). Seu sucesso motivou o crescimento da marca e a sua entrada em um inédito segmento: o de SUVs (de luxo, claro) com o Bentayga.

Para não perder o compromisso com os tradicionais clientes, a Bentley lançou, no último Salão de Frankfurt, a terceira geração, ainda fabricada em Crewe, Reino Unido, que é uma carroceria totalmente nova, moldada com alumínio aquecido a 500 graus num processo chamado Super Former.

Embora baseada no conceito EXP 10 Speed 6, de 2015, o novo Continental GT conserva as linhas esculpidas das duas gerações anteriores, assim como a enorme grade em tela losangular e os faróis redondos, inspirados em óculos de cristal de corte fino, com bordas bem definidas que capturam a luz como diamantes. Na lateral, o "culote" ficou mais acentuado. A grande novidade estética está na traseira, com as lanternas trocando o banalizado formato retangular pelo charmoso oval pequeno. As rodas são de 21 polegadas, com o 22" opcionais. Os pneus traseiros também são maiores. 







Bentley Continental 2011

O significativo aumento da distância entre-eixos de 2,74 para 2,85m confirma que a plataforma mudou para valer, mas o comprimento e a largura aumentaram apenas em 1 cm: agora em 4,81m e 1,95m, respectivamente. A altura foi mantida em 1,40m. 



O interior tem todo o refinamento e personalização que o consumidor Bentley exige: acabamento em couro e madeira (em duas camadas) de verdade e bancos com 20 zonas de ajuste elétrico, acolchoamento extraordinariamente suave e um revestimento com padrão bordado estilo diamante, que levou 18 meses para ser projetado. A configuração (são 17 opções de cores, 5 de peles, 15 de tapetes e oito de folheados) pode ser feita na Mulliner, preparadora da Bentley. Há três opções de som: um com 10 alto-falantes, outro com 16 da marca Bang and Olufsen e outro de 18 da Naim.




Bentley Continental 2011
Antes simétrico e com console flutuante, o painel adota linhas mais horizontais, mesma disposição da tela multimídia de 12,3 polegadas, que, num mecanismo giratório digno de filmes de James Bond, pode se esconder e deixar à mostra três mostradores analógicos (e físicos, claro), como bússula, marcador de temperatura externa e cronômetro. A tela multimídia (espelhável com Apple) também pode ter três janelas. O quadro de instrumentos também é eletrônico. Os difusores de ar continuam redondos como a geração anterior, mas, ao lado do relógio analógico, deixam de estar destacados no topo do painel para ficarem mais próximos do console. Os únicos defeitos, se é que podemos chamá-los assim, são o espaço interno apertado e a capacidade do porta-malas para apenas 358 litros.



O novo Continental GT também não tem nenhum equipamento revolucionário, todos já vistos em outros carros de outras marcas, principalmente da Volkswagen, dona da Bentley. Ele tem sistema de manutenção em faixa, reconhecimento de sinais de trânsito, alerta de veículos em ângulo morto, condução semi-autônoma, head up display e frenagem ao detectar risco de colisão com outro carro ou pedestre. Ele também tem quatro modos de condução como Comfort, Sport, Bentley (que é um meio-termo entre esses dois) e Customizado.




O motor W12 6.0 (junção de dois motores de seis cilindros em V 3.0) foi mantido e aperfeiçoado com dois turbos, um motor elétrico de 48v para melhorar o consumo e a potência elevada para 630 cavalos. Ele também foi deslocado mais para o centro do chassi. O câmbio automático de seis marchas foi trocado por um automatizado de oito, com dupla embreagem. A tração é integral sob demanda eletrônica. As barras estabilizadoras agora são ativas eletronicamente e a suspensão é pneumática. O Continental GT acelera de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos e alcança os 333 km/h.   

Se no ano passado, a Bentley aderiu à moda dos SUVs, este ano a tradicional marca britânica mostrou que não desaprendeu a fazer cupês esportivos e luxuosos.



TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO