Assim como o Chevrolet Equinox, outro carro mostrado na seção Em Breve no Brasil já está no Brasil. Na verdade seriam dois, mas na prática é um único utilitário com duas marcas: os monovolumes Citroën Jumpy e Peugeot Expert.

Montados na empresa terceirizada Nordex, em Montevidéu, Uruguai, sobre a base modular EMP2, usada nos novos Citroën C4 Picasso e no Peugeot 3008, os dois, por enquanto, só chegaram na versão comercial (furgão para cargas), com o mesmo motor 1.6 HDi 8v (turbodiesel de injeção direta) de 115 cavalos e câmbio manual de seis marchas. Está previsto o automático de mesma quantidade de marchas.


Na Citroën, o Jumpy tem o genérico sobrenome de Furgão e Furgão Pack. Na Peugeot, o Expert é conhecido como Business e Business Pack. Ambos cobram exatamente o mesmo preço: R$ 79.990 a versão básica e R$ 87.990 a Pack. E a oferta de equipamentos de série e opcionais é rigorosamente a mesma. Até o serviço de pós-venda é igual, embora as marcas tenham prometido diferenças. 


Os gêmeos chegaram depenados de vários itens de conforto e segurança vendidos na Europa e citados no texto publicado em março. Sistema de entrada e partida sem chave, Grip Control (que seleciona o tipo de piso onde o veículo anda, presente no 2008 vendido aqui), Head Up Display (que projeta informações como velocidade e setas de navegação numa placa de acrílico próxima ao para-brisa), sistema multimídia com navegador, câmera de ré e de 180º, espelhamento, alerta de veículo em ângulo morto no retrovisor externo, piloto automático adaptativo, assistente de frenagem de segurança e reconhecimento de placas, abertura das portas passando os pés? Nada disso veio.


O grupo PSA trouxe, sim, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, direção eletro-hidráulica, piloto automático, detector de fadiga e itens "básicos" como vidros e travas elétricos, volante regulável em altura e distância, bancos com regulagem de altura, computador de bordo e rádio AM/FM. Airbag só tem os dois frontais obrigatórios. Ar condicionado manual, chave canivete com controle remoto, faróis de neblina, função "um-toque" para os vidros elétricos, travamento seletivo do compartimento de carga, retrovisores elétricos e tomada 12 volts no compartimento de carga fazem parte de um Pack que é tratado como versão.


Também opcional é o ModuWork, um sistema que levanta o assento do banco do carona e permite que um objeto de mais de 2,86m de comprimento - comprimento máximo de espaço - seja acomodado e ainda invada a cabine. Mas o objeto precisa medir até 4,02m. A altura interna é de quase 1,40m (1.397 mm) e a largura varia entre 1.258 (entre as caixas das rodas traseiras) e 1.636 mm. O volume é de 6,1 m³ sem Moduwork e 6,6 m³ com o prolongamento. A capacidade em quilos é de 1.519 e 1.500 kg, respectivamente. Os Jumpy e Expert ainda possuem rebatimento do encosto do banco do meio, criando uma mesa de escritório, com direito a prancheta giratória, também na versão Pack. 


Externamente, os novos monovolumes medem 5,31m de comprimento, 2.20m de largura (incluindo os espelhos retrovisores), 1,94m de altura e 3,28m de distância entre-eixos. O acabamento interno, contrariando o esperado, é repleto de plástico duro. Tirando o espaço interno, tanto para passageiros quanto para cargas, e os itens de praticidade, só o estilo arredondado agrada nesta dupla, que deve receber em breve a versão de passageiros. O motor deveria ser mais potente. 


Mesmo com dois novos modelos no mercado, o segmento de vans comerciais no Brasil continua subvalorizado. Além do grupo PSA, só a Mercedes-Benz investiu em novidades. E isso há dois anos. Aliás, o Vito é o único concorrente do Jumpy/Expert, mas também tem versão de passageiros. A única carroceria comercial disponível é a 1.6 Turbo de 114 cv, que custa R$ 110.946. As demais vans vendidas no país são maiores que este trio. 

O concorrente Mercedes-Benz Vito


O grupo PSA encerrou a sua parceria com a Fiat e a Iveco e desde o ano passado não fabrica mais a Citroën Jumper e o Peugeot Boxer. Os novos modelos aqui apresentados, por enquanto, passam a ocupar os seus lugares. A Fiat, que também fabricava o Ducato na mesma planta de Sete Lagoas (que ainda produz somente o Iveco Daily), tem prometido a importação do México da nova geração. A Peugeot confirmou a vinda do novo Boxer no ano que vem. A Renault ainda fabrica o Master em São José dos Pinhais, assim como a Mercedes importa a Sprinter da Argentina. Na categoria compacto, temos apenas o Fiat Fiorino, com o mesmo visual desde 2013. A Renault está prometendo trazer da Argentina, o Dokker, um Dacia com a marca francesa. E a Citroën deve trazer o Berlingo. 


Pior do que a falta de novidades modernas num segmento de grande importância no Brasil é deixar de trazer equipamentos de luxo, conforto e tecnologia por achar que os empregados das empresas compradoras não vão usar corretamente, como já vi muita gente justificando por aí. Puro preconceito. 


TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO