Desde a geração de 1994, a última com estilo próprio (sem inspiração retrô), que a Ford promete a importação oficial do seu "pony car": o esportivo Mustang. Em todas as gerações, o Mustang sempre chegou ao Brasil, mas por representantes, concessionárias ou importadores independentes.

Nova promessa foi feita no lançamento da atual geração, em 2014, que é a sexta. Demorou quatro anos para ser cumprida e o cavalo selvagem enfim chegou oficialmente ao mercado brasileiro, importado da fábrica de Flat Rock, Michigan, já com o face-lift apresentado no ano passado, exclusivamente na versão GT Premium, com motor V8 5.0, ao custo de R$ 299.900.



A atual geração tem um estilo inédito, mas com inspiração na carroceria anterior, de 2004, esta, por sua vez, totalmente baseada na primeira edição, de 1964.

O novo Mustang impressiona pelo capô longo, com duas entradas de ar, e a traseira curta, chegando a medir 4,79m de comprimento por 1,92m de largura. A frente se assemelha a um tubarão, com as luzes diurnas de LED  fazendo o papel dos brônquios do bicho. A grade hexagonal do modelo vendido aqui ainda é maior que o normal, por causa do amplo radiador do pacote Performance, que também inclui aerofólio traseiro e diferencial de deslizamento limitado. As rodas são de 19 polegadas e pintadas de preto. Na traseira, destaque para as lanternas divididas em três garras verticais e o medalhão redondo com GT gravado no centro da cobertura em preto brilhante.



O Mustang é um clássico, mas não parou no tempo. Por isso, traz recursos de tecnologia, conforto e segurança presentes em diversos modelos tops do mundo, começando pela projeção no chão, a partir do retrovisor externo, do cavalo galopante, a soleira das portas iluminada, o quadro de instrumentos eletrônico configurável (com funções Normal, Esportivo e Pista) e o sistema multimídia MySync3, com tela de 8 polegadas e conexão com Android e Apple no gabinete central, abaixo das três saídas circulares de ar. 

O Mustang GT Premium também vem equipado com alerta para veículo em ponto cego, amortecedores com ajuste magneto-reológico, ar-condicionado automático de duas zonas, assistente para permanência em faixa da via, bancos de couro com ajuste elétrico (menos o encosto, que é manual), aquecimento e ventilação nos dianteiros, câmera traseira de manobras, chave presencial para acesso e partida, computador de bordo, controlador e monitor da distância à frente com função para-anda, controle eletrônico de estabilidade e tração, faróis de leds (ambos os fachos) com comutação automática, fixações Isofix para cadeira infantil, limpador de para-brisa automático, monitor de pressão dos pneus, oito bolsas infláveis (frontais, laterais dianteiras, de cortinas e de joelhos para motorista e passageiro, totalizando oito), retrovisor interno fotocrômico, sensor de estacionamento traseiro, sistema de áudio Shaker com 12 alto-falantes, sistema de detecção de pedestre e volante com aquecimento.

O desenho do painel foi inspirado no modelo clássico, com coberturas simétricas nos dois lados da cabine, revestidas em material emborrachado. Mesmo com 2,72m de distância entre-eixos, o espaço no banco de trás é praticamente inexistente, mas o porta-malas de 382 litros, favorecido pela hoje rara dobradiça pantográfica, é uma boa surpresa.







Além da aparência, o quadro de instrumentos também permite a visualização da configuração da resposta do acelerador (três níveis), da atuação dos freios (dois), dos controles eletrônicos de estabilidade (três) e de tração (três), ruído de escapamento (quatro), ponto das mudanças de marcha (quatro), assistência de direção (três) e carga dos amortecedores (quatro níveis). A operação é feita por um botão com o desenho do cavalo que dá nome ao carro no volante de três braços. 










O motor V8 5.0, chamado Coyote e montado na posição longitudinal, tem duplo comando de válvulas variável e injeção mista de combustível, sendo indireta nos coletores de admissão e direta no escape. Não tem turbo, mas rende 466 cavalos, seis a mais que no exterior, por causa do nosso álcool misturado a gasolina, pois a calibração foi feita aqui no Brasil. O torque é de 56,7 kgfm a 4.600 rpm. O câmbio é automatizado de DEZ marchas e SEIS embreagens. Como curiosidade, a transmissão foi projetada em parceria com a General Motors, que fabrica o arquirrival Chevrolet Camaro, que só agora, com o face-lift da atual geração, vai receber a mesma caixa. 




E por falar no seu principal concorrente no Brasil, o Mustang acelera de 0 a 100 km/h em 4,91 segundos, apenas 4 décimos mais rápido que o Camaro. A retomada entre 80 e 120 km/h leva apenas 3,41 segundos, repetindo a diferença de décimos. 

Mas nas provas de ruído, frenagem e consumo, o esportivo da Ford perde. Ele é dois decibéis mais barulhento a 80 km/h que o da Chevrolet: 63,8 contra 61,8 dB. Pelo menos, a 120 km/h a diferença cai para apenas 2 décimos, sendo 66,7 para o Mustang, contra 66,5. A 200 km/h o Mustang para em 147,69 contra 128,89 metros do Camaro. Em uma prova mais convencional, a 120 km/h, o Ford volta a comer poeira, com 51,86 contra 46,71 metros. 



O Mustang também gasta mais combustível que o Camaro, que faz 6 km/l na cidade e 12 km/l na estrada. O esportivo da Ford anda apenas 4,7 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada. Todos os números de teste dinâmicos que eu apresentei aqui são da revista Carro. 

Se o Mustang não chega a ser plenamente superior ao rival, vencendo no desempenho apenas por décimos, tem a vantagem de ter o melhor custo-benefício. É dez mil reais mais barato que o Camaro (que custa R$ 310 mil) e ainda tem mais equipamentos, pois é mais moderno. 




Ainda não sabemos se o Mustang terá a longa vida de oito anos e duas gerações que o rival Camaro já tem no Brasil. Na fase de pré-venda, a Ford comercializou 231 unidades, número considerado um sucesso. 

No entanto, por enquanto, teremos que nos contentar somente com a versão GT Premium e suas onze opções de cores oferecidas (com destaque para o Amarelo Silverstone e Laranja Daytona), mais até do que a Ford oferece para seus modelos fabricados aqui.

Desejar as versões conversível, com motor Ecoboost 2.3, câmbio manual e as superapimentadas Shelby 350, 350R e a nova Bullit seria demais?
  
TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA CARRO