Cupê de verdade

Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação



O Panamera era um sonho antigo da Porsche, que quis fazer um carro tão perfeito que o projeto demorou e ele acabou perdendo o posto de primeiro modelo da marca de Stuttgart com quatro portas e quatro lugares para o jipe Cayenne.


Em compensação a Porsche fez um cupê de quatro portas de verdade, ao contrário do Mercedes-Benz CLS e do VW Passat CC, que estão mais para um três volumes com caída do teto mais baixa. O Panamera está mais próximo do carro-chefe da marca. É como se fosse um 911 transformado em limusine, mas com alguns vincos exclusivos na carroceria e ombros traseiros mais musculosos.

E por falar em limusine, o interior do Panamera é luxuoso e confortável. As linhas do painel são simples e retas, sem deixar de lado os tradicionais cinco instrumentos redondos, com o conta-giros centralizado e a chave de contato (com formato da carroceria) à esquerda do volante e não na coluna de direção, além, claro, do requinte para o novo segmento em que se insere: o acabamento é de madeira e os bancos são de couro perfurado e macio.
Os quatro bancos, aliás, têm aquele desenho alto e ovalado característico dos Porsche. Os dois passageiros da traseira têm a disposição o controle do ar condicionado digital, ajuste elétrico do assento e do encosto, cortinas elétricas nas janelas e vidro traseiro, sem contar o ótimo espaço para as pernas, graças à distância entre-eixos de 2,92m, proporcionada pelo comprimento de 4,97m. Os lugares são separados por um grande console que se estende até o ambiente dianteiro. Só o sistema de entrenimento com DVD é opcional. O único senão em termos de comodidade do Panamera é a altura de 1,42m. A largura é de 1,93m e o porta-malas tem 432 litros. A tampa, claro, é elétrica, como o rebatimento dos bancos.
O motorista tem a entrada facilitada pelo sistema easy-entry, que afasta o banco do volante. Mesmo assim, é preciso fazer um pouco de contorcionismo. O sistema multimídia tem navegador GPS, DVD, receptor de TV digital ou analógica, som Burmester (com 16 altofalantes Bose e 16 canais de áudio), telefone com bluetooth e MP3. A tela é sensível ao toque e também pode ser operada por comando de voz. O recurso é opcional nas versões S e 4S, mas de série no Turbo. A chave não precisa ser usada para entrar no carro, basta estar com ela no bolso. Já no interior basta apertar o botão de partida. Se preferir, pode encaixá-la na ignição.

O Porsche Panamera é equipado com motor V8 4.8 em todas as três versões disponíveis. Na S e na 4S rende 400 cavalos de potência. A 4S tem tração nas quatro rodas. No Panamera Turbo a potência é de 500 cavalos. Aliás, são duas turbinas. A tração também é integral. Nesta versão o carro alcança 303 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos. Seu câmbio é automatizado PDK com 7 marchas e dupla embreagem. A transmissão também está disponível como opcional nas versões S. Nestas, o câmbio normal tem seis marchas.

Sentiu medo do carro sair do chão? O Panamera tem aerofólio retrátil que sobe automaticamente a 90 km/h ou por um botão no console. No Turbo, o spoiler abre também para os lados. Em ambos é possível regular o ângulo de abertura. Tem também o Porsche Traction Management (PTM), que monitora as condições de rodagem e envia a força do motor para as rodas de acordo com as necessidades de tração. O sistema detecta mudanças nas condições dinâmicas, evitando que as rodas, calçadas por pneus 255/40 na dianteira e 285/35 na traseira, ambos R20, girem em falso. A suspensão a ar tem três níveis de operação: Normal, Sport e Sport Plus. Entre os tradicionais itens de segurança estão oito airbags (frontal, lateral e joelhos), freios ABS e controle de estabilidade.

O consumo de combustível é normal para um carro do seu porte. Segundo a revista Quatro Rodas, o Turbo fez 6,2 km/litro na cidade e 9,8 km/l na estrada com gasolina. Mas tem carro nacional Flex com motor 1.6 que tem feito isso com álcool. Um recurso interessante em relação ao combustível é o sistema StartStop que desliga o Panamera toda vez que o freio é acionado. Para ligar, basta tirar o pé do pedal. O meio ambiente agradece.

O Panamera já pode ser encomendado no Brasil. O S custa R$ 549 mil, o 4S R$ 599 mil e o Turbo não sai por menos de R$ 749.000. O modelo realizou o sonho da Porsche de ter um verdadeiro cupê esportivo de quatro portas e quatro lugares de série, mas esses valores dificilmente vão realizar o sonho da classe média brasileira de adquiri-lo.