TEXTO: GUSTAVO DO CARMO | FOTOS: DIVULGAÇÃO
DADOS DE TESTE: REVISTA QUATRO RODAS


As picapes compactas, derivadas de hatches similares, estavam em baixa no mercado. Até o lançamento da Renault Oroch, no ano passado, os últimos lançamentos tinham sido da mal-sucedida Peugeot Hoggar (baseada no 206, que virou 207 no Brasil com o face-lift), da segunda geração da Chevrolet Montana (derivada do já finado Agile), ambas em 2010, da terceira porta da cabine da veterana Fiat Strada (lançada originalmente em 1998) em 2013 e da própria cabine dupla de apenas duas portas da terceira geração da Volkswagen Saveiro, em 2014. As montadoras se justificaram dizendo que picapes pequenas não estavam dando lucro, tanto aqui, quanto para exportação, por causa da capacidade limitada de carga e de passageiros.

De olho neste problema, a Renault lançou, no ano passado, a Oroch, com cinco verdadeiros lugares e quatro portas. Seu estilo é o mesmo do SUV compacto Duster, um rústico projeto da romena Dacia, que, por sua vez, usa a mesma base do Sandero, o maior dos hatches compactos. Assim, a Oroch inaugurou um novo segmento. Ou melhor, retomou: o das picapes médias.

A segunda integrante do segmento, a Fiat Toro reafirma o que eu disse: com 4,92m de comprimento, 1,84m de largura, 1,74m de altura e 2,99m de distância entre-eixos, ela é maior que a primeira geração da Chevrolet S10, lançada no Brasil em 1995, que tinha 4,85m e 1,70m de largura e altura. Mas a impressão é que a Oroch e a Toro são picapes compactas anabolizadas. 



Por ter chegado depois, a Toro se tornou a resposta da Fiat. Mas ela já estava sendo projetada antes. Só faltava elaborar um estilo inédito e mais atraente, com linhas retas e ascendentes na lateral, caçamba robusta com inédita tampa dividida de abertura vertical e frente agressiva com faróis no para-choque e luzes de LED no capô, repetindo um conceito já usado no atual Citroën C4 Picasso e no Jeep Cherokee.


Aliás, vem de outro Jeep, o Renegade, a plataforma da Toro. Por ser modular, foi possível reforçar a estrutura com materiais nobres, como o aço de alta resistência avançado. Ela apresenta elevada rigidez torcional e durabilidade, além de excelente capacidade de absorver impactos em caso de acidentes, graças às linhas de deformação programadas. Também foi possível aumentar a distância entre-eixos original do utilitário da marca norte-americana do grupo Fiat, de 2,57 para 2,99m. Mesmo assim, compartilha 30% de componentes com o Jeep, como os motores 1.8 Flex e 2.0 Multijet turbodiesel e os câmbios manual de seis marchas e automático de seis e nove.

Por combinar a capacidade de carga superior a de uma picape compacta, como Saveiro e Strada, com o conforto para cinco passageiros e a praticidade das quatro portas, a Fiat está chamando a Toro de SUP (Sport Utitily Pick-up). Mas tomou o cuidado de reposicionar a sua nova picape para baixo, para não bater de frente com a prima americana. Ambas são fabricadas em Goiana, interior de Pernambuco.


Assim, o acabamento da Toro foi simplificado, com plástico duro no painel em vez do revestimento emborrachado do Renegade. Para não deixar a aparência tão espartana, as molduras das saídas de ar verticais e do braço vazado das portas foram pintados de marrom brilhante. Este braço, aliás, acaba escondendo o botão dos retrovisores elétricos e atrapalha um pouco o motorista na hora de ajustá-lo.


O plástico duro acabou igualando o acabamento da Toro ao da rival Oroch, Pelo menos o quadro de instrumentos tem tela colorida, de maiores dimensões (7 polegadas), na versão top Volcano. A mais simples se chama Freedom. O espaço no banco de trás é bom, mas poderia ser melhor pela sua distância entre-eixos. O encosto também é muito vertical e, quando rebatido, não aumenta o volume da caçamba de 820 litros, que é muito bom. A capacidade de carga é de uma tonelada. Como acessório é vendido um extensor de caçamba, que aumenta a capacidade em mais 405 litros.


O motor Flex 1.8 16 válvulas é o mesmo da Família Fiat e também usado no Renegade. Mas foi aperfeiçoado para equipar a Toro. Ganhou variador do fluxo de ar dentro do coletor de admissão, trazendo mais torque em qualquer rotação. E com isso a potência subiu de 130 para 135 cavalos com gasolina e de 132 para 139 cavalos com álcool. O torque é de 18,8/19,3 kgfm a 3.750 rpm. A Toro 1.8, por enquanto, só é vendida com câmbio automático de seis marchas. Ainda não tenho dados de teste desta motorização.


Já o propulsor turbodiesel, também usado no utilitário da Jeep, entrega 170 cavalos de potência e torque de 35,7 kgfm. Pode ter câmbio manual de seis velocidades ou o automático de nove. Só a Toro diesel tem a opção de tração 4x4.

Segundo a revista Quatro Rodas, esta versão da Toro acelera de 0 a 100 km/h em 12,4 segundos, com retomada entre 80 e 120 km/h em 8,4 segundos. O consumo é de 11,5 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada. A frenagem a 80 km/h é completada em 29,3 metros e o ruído a mesma velocidade é de 63,3 decibéis. Comparada ao Jeep Renegade, a Toro ficou atrás em todas as provas. Só no consumo que a diferença foi ínfima. Já contra a rival direta, a Duster Oroch, a Fiat só perdeu na aceleração e na frenagem. 


Mesmo na versão básica Freedom, com motor 1.8 16v e câmbio automático de seis marchas, que custa R$ 76.500, a Toro já vem equipada com banco do motorista com regulagem de altura, abertura elétrica do bocal de abastecimento, ar-condicionado manual, direção elétrica, fixação Isofix para cadeira infantil, vidros e travas elétricas automáticas (fecham a 20 km/h), sensor de estacionamento traseiro, revestimento de caçamba, piloto automático com controlador de velocidade, computador de bordo (mostrando distância, consumo médio/instantâneo e autonomia) e quadro de instrumentos personalizável de 3,5 polegadas em TFT (com relógio digital, calendário e indicador de temperatura externa), ESC (controle eletrônico de estabilidade), Hill Holder (auxiliar de partida em subidas) e rádio Connect com comando no volante, este com regulagem de altura e profundidade.


Teto solar elétrico panorâmico (R$ 3.630), revestimento parcial em couro dos bancos (R$ 2.070), airbags laterais, de cortina e joelho para o motorista e sensor de pressão dos pneus (R$ 3.520), segunda entrada USB e tomada de 12v, apoio de braço dianteiro e traseiro, brake-light, iluminação da caçamba, sensores de chuva e faróis, retrovisor interno eletrocrômico, para-sol iluminado, porta-objetos para o passageiro, cromados na grade e retrovisores externos e maçanetas pintados (R$ 1.660), rodas de liga de 16 polegadas (R$ 1.560), kit multimídia com tela de 5 polegadas, navegador GPS, câmera de ré, rádio AM/FM, reconhecimento de voz, Bluetooth, MP3, USB, entrada auxiliar e seis auto-falantes (R$ 4.660), barras no teto (R$ 415), faróis de neblina, retrovisores externos elétricos e capota marítima (R$ 1.970) são opcionais que podem levar o preço a R$ 95.570. 

Há ainda, por tempo limitado, o pacote Opening Edition, por R$ 84.800 que reúne quase todos esses opcionais e mais o ar condicionado digital dual zone. Só não traz os airbags extras e o teto solar.




A Toro Freedon 2.0 diesel tem câmbio manual e pode ter tração 4x2 (R$ 93.900) ou 4x4 (R$ 101.900). Ela traz os mesmos itens da Freedon 1.8, adicionando apenas protetor de cárter, rodas de 16 polegadas e o "peito de aço" no para-choque dianteiro. A Freedon 2.0 4x4 também traz controle eletrônico de descida, retrovisores externos elétricos com memória (tilt down / rebatimento / luz de conforto) brake light, alarme e iluminação de caçamba. O pacote de opcionais é praticamente o mesmo da Freedom 1.8, excluindo apenas os itens incorporados no motor 2.0 e acrescentando ar digital e volante em couro no pacote Techno e trocando as rodas de 16 pelas de 17 polegadas. 


A top Volcano só tem o motor 2.0 diesel, câmbio automático de nove marchas e tração 4x4. Seu preço já está em R$ 116.500 e acrescenta ar-condicionado dual zone, rodas de liga leve de 17”, câmera de ré, central multimídia Uconnect Touch NAV de 5”, quadro de instrumentos com display em TFT de 7” colorido, faróis de neblina cornering (que acompanham as curvas), faróis principais com DRL (LEDs de segurança diurnos). Teto solar, quatro airbags extras, sensor de pressão nos pneus e capota marítima continuam na lista de opcionais, que nesta versão passa a incluir ajuste elétrico do banco do motorista, entrada e partida sem chave e borboletas no volante. O preço máximo da Fiat Toro é de R$ 129.340.


O preço alto não espantou os compradores. A Toro já teve, em fevereiro, encomendas que superaram a arquirrival Duster Oroch. Se a Renault abriu o caminho para as novas picapes médias, a Toro tornou o segmento mais atraente.


Pontos Fortes 

+ Estilo
+ Caçamba
+ Motor a diesel
+ Consumo
+ Equipamentos


Pontos Fracos

- Preço
- Desempenho
- Acabamento
- Ruído


FICHA TÉCNICA

Motores: Flex, quatro cilindros em linha, transversal,1.747 cm³, 16 válvulas
Diesel, turbo, quatro cilindros em linha, transversal, 1.956 cm³, 16 válvulas
Potência Flex: 135 (gasolina) e 139 cv (álcool)
Potência Diesel: 170 cavalos
Torque Flex: 18,8 kgfm (gasolina) e 19,3 kgfm (álcool) a 3.750 rpm
Torque: 35,7 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: manual de seis marchas e automático de seis ou nove marchas
Tração: dianteira ou 4x4
Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,4 segundos (turbodiesel - Quatro Rodas)
Retomada de 80 a 120 km/h: 8,4 segundos (turbodiesel - Quatro Rodas)
Velocidade máxima: 188 km/h (diesel - fabricante)
Consumo Flex: não divulgado
Consumo Diesel: 11,5 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada (Quatro Rodas)
Frenagem 80 a 0 km/h: 29,3 metros (Quatro Rodas)
Nível de ruído a 80 km/h: 63,3 decibéis (Quatro Rodas)
Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,92/1,84/1,74/2,99m
Caçamba: 820 litros
Tanque: 60 litros
Preços básicos: 
R$ 76.500 (Freedom 1.8 16v AT6)
R$ 84.800 (Opening Edition 1.8 AT6)
R$ 93.900 (Freedom 2.0 turbodiesel 4x2 manual)
R$ 101.900 (Freedom 2.0 turbodiesel 4x4 manual)  
R$ 116.500 (Volcano 2.0 turbodiesel 4x4 AT9)